2017-05-23 12:00:15
Remédio manipulado. Em um setor ainda dominado por micro e pequenas empresas, algumas franquias, como a Phitofarma, A Fórmula e a Farmafórmula, têm planos agressivos de expansão
Um dos benefícios do remédio manipulado é o fato de ser produzido sob medida; o que evita o desperdício e gera uma economia na compra
São Paulo – Apesar do setor de farmácias de manipulação ainda ser dominado por micro e pequenas empresas, algumas redes do ramo têm se estruturado com planos agressivos de expansão. O movimento de companhias como a Phitofarma, Farmafórmula e A Fórmula sinaliza para uma tendência de maior profissionalização do segmento.
Atualmente, segundo dados da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) 94% das empresas do ramo são enquadradas no sistema tributário do simples (veja mais no gráfico). “Quando falamos de consolidação de companhias do setor temos que tratar como exceção, mas existem de fato algumas redes fazendo esse movimento”, diz o diretor executivo da entidade, Marco Fiaschetti.
A Phitofarma, rede de franquias com forte atuação na região Sudeste, é um exemplo irrefutável disso. O presidente da companhia, Roger Oswaldo Marcondes, afirmou ao DCI que a meta para os próximos cinco anos é chegar em pelo menos 300 unidades. Hoje são 40 operações. O foco da rede no processo serão as médias e pequenas cidades e, a partir de junho, a empresa iniciará a expansão também através da conversão de bandeiras.
Para este ano, conta o empresário, a perspectiva é de 24 aberturas, das quais nove já estão com o contrato assinado. Em termos de faturamento a previsão da Phitofarma é um crescimento um pouco superior ao do ano passado, quando avançou 12% em termos nominais, faturando R$ 44,6 milhões.
A rede de franquias A Fórmula, com 73 unidades espalhadas principalmente no Nordeste e Norte do País, também deve ver um crescimento expressivo nos próximos anos. O objetivo da empresa, de acordo com o gerente nacional, Bruno Costa, é atingir a marca de 100 operações nos próximos três anos. Assim como a concorrente paulista o foco no processo será a expansão por novas unidades e conversão de outras marcas.
“Nos últimos três anos passamos por um processo de reestruturação do modelo de franquias. Agora, em 2017, estamos retornando a expansão, e muito forte por esses dois modelos.”
Em relação ao faturamento, o empresário afirma que a expectativa da companhia é crescer entre 15% e 18% este ano. Em 2016, a rede faturou aproximadamente RS 80 milhões, com um avanço nominal de 10%.
Dificuldade de crescer
Sobre o cenário do setor magistral, em que muitas redes encontram dificuldades para crescer, ambos os empresários afirmam que as questões burocráticas acabam retardando o crescimento das empresas.
No setor, há uma série de exigências da vigilância sanitária para a abertura de novas unidades. As lojas precisam passar, por exemplo, por uma extensa avaliação antes de receber o aval para poder iniciar a construção dos pontos de venda.
“As questões burocráticas acabam atrapalhando o ritmo de aberturas. Todas as inaugurações precisam passar pelo Projevisa (departamento dentro da Vigilância Sanitária), que analisa todo o processo. E essa análise muitas vezes pode demorar meses para ser concluída”, diz Costa, da A Fórmula.
O presidente da Phitofarma, Roger Marcondes, vai na mesma linha e afirma que as vigilâncias estaduais e municipais são o grande entrave do setor. “São muitas vezes mal preparadas, com burocracia imensa, o que acaba inibindo a expansão”, diz, acrescentando que, em alguns casos, depois de alugado o imóvel a vigilância pode demorar até seis meses para permitir que a unidade abra as portas.
Outra rede que se queixa dos entraves burocráticos é a Farmafórmula, que possui 80 lojas e forte atuação no Nordeste. A companhia, que tem planos de abrir mais seis unidades este ano, também afirma que a demora para a aprovação das aberturas acaba atrapalhando o crescimento da rede. De acordo com o diretor da companhia, Julio Maia, outro aspecto que desacelerou os planos de aberturas foi a crise. “Tinhamos um propósito, há três anos atrás, de abrir ao menos 12 franquias ao ano. Com a recessão, diminuímos um pouco a meta”, afirma.
No caso específico da empresa, a necessidade de ter um farmacêutico na composição societária da franquia é um ponto que também acaba tornando a expansão um pouco mais lenta, em comparação com outros segmentos do comércio.
A Farmafórmula viu um crescimento, no ano passado, de 7,1% em valor. Já em número de fórmulas vendidas a rede empatou, em comparação com o ano anterior. Agora, em 2017, o empresário afirma que a rede já começou a ver uma gradativa melhora no volume de vendas, e está trabalhando com a perspectiva de crescimento de 10%.
“As farmácias de manipulação estão em expansão no País. Ainda são poucas redes atuando por franquias e buscando uma consolidação maior, mas a tendência é que isso aumente.”
Apelo do segmento
O crescimento do ramo, de acordo com o diretor executivo da Anfarmag, Fiaschetti, tem ocorrido por uma tendência do brasileiro de buscar pela personalização do atendimento. “O consumidor de hoje cada vez mais quer ser atendido dentro da sua individualidade, e a farmácia de manipulação é especialista em fornecer isso”, diz.
Outra vantagem, segundo ele, é o fato dos medicamentos manipulados serem feitos considerando apenas o tempo do tratamento do paciente. O que, em muitos casos, acaba tornando o custo com a compra menor, em comparação com os produtos industrializados vendidos nas drogarias tradicionais. “Em algumas situações o medicamento manipulado acaba saindo mais em conta porque ele é feito sob medida. O consumidor leva apenas aquilo que ele vai precisar para o tratamento, o que evita desperdício e gera uma certa economia.”
Roger, da Phitofarma, aponta que outro benefício é a possibilidade de juntar diversos medicamentos em uma única pílula, dando maior comodidade.