2017-09-02 13:30:08
Muitas pessoas podem ter se surpreendido com as consequências do diabetes para o ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, que dia 31/8, teve a perna amputada na altura do joelho. A doença, no entanto, é mesmo muito mais perigosa do que diz o senso comum, chegando a matar uma pessoa a cada seis segundos no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ainda de acordo com o órgão da ONU, 70% das amputações realizadas no Brasil são decorrentes do diabetes, o que representa em torno de 55 mil procedimentos desse tipo por ano. Globalmente, o número é ainda mais assustador: a cada minuto, três pessoas têm alguma parte do corpo extirpada por complicações decorrentes da doença.
O médico endocrinologista e presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Luiz Alberto Turatti, explica que a amputação é um recursos que precisa ser usado, geralmente, nos pacientes em que os níveis de glicemia ficam fora de controle. “As complicações mais frequentes relacionadas ao diabetes são as dos pequenos vasos, que, geralmente, estão relacionadas a problemas na visão e nos rins. Depois, existem as complicações macrovasculares, associadas ao infarto, ao derrame e às amputações dos membros inferiores”, diz.
Importância do diagnóstico
Como o mal, tão perigoso, costuma se desenvolver silenciosamente, o diagnóstico é a maior arma para combatê-lo. Números da SBD mostram que, no Brasil, 46,3% das pessoas com diabetes não sabem que têm a doença. “A principal causa para essa negligência é que a doença não dói. Muitas vezes, o paciente está com o nível de glicose muito alto, correndo risco, e não sente”, analisa Turatti.
A falta de informação sobre os reais riscos também preocupa. “Falta esclarecimento para boa parte dos pacientes. Temos 14 milhões de diabéticos no Brasil, metade não sabe que tem a doença e apenas um quarto está bem controlado”, alerta.
O endocrinologista Antônio Chacre, concorda com o colega: “O que precisamos é ensinar melhor educadores, enfermeiros, nutricionistas, ou seja, uma equipe multidisciplinar para que o paciente seja assistido adequadamente. Precisamos tratar do paciente antes das complicações”, afirma.
Segundo Chacre, o diabetes pode se manifestar em todas as idades, devido ao estilo de vida moderno, no qual obesidade, má alimentação, sedentarismo e estresse são a regra. O médico destaca, ainda, que o tratamento básico do diabetes — com medicamentos como a metformina e sulfonureias — é oferecido pela rede pública, mas lamenta que remédios mais modernos não estejam disponíveis, obrigando alguns pacientes em situação grave a recorrer à Justiça.
Entenda a classificação do diabetes
Diabetes tipo 1
Geralmente acomete crianças e adolescentes e é o resultado da destruição das células beta pancreáticas por um processo imunolígico, ou seja, é o resultado da formação de anticorpos do próprio organismo contra as células, levando à deficiência de insulina. Os principais sintomas são sede, diurese e fome excessivas, emagrecimento, cansaço e fraqueza. O tratamento é feito sempre com insulina e, se não for tratado rapidamente, o quadro pode evoluir para internação.
Diabetes tipo 2
É a forma mais comum da doença. Inclui cerca de 90% dos pacientes. Nesse caso, a insulina é produzida pelas células beta pancreáticas, porém, sua ação é dificultada, caracterizando um quadro de resistência insulínica. Geralmente, o tipo 2 aparece depois dos 40 anos e está associado à obesidade, ao sedentarismo, à alimentação inadequada e ao estresse. O tratamento é feito com comprimidos. A falta de acompanhamento e tratamento pode causar, entre outras problemas, danos renais, cegueira, surdez, infarto e amputação de membros.