2017-09-02 13:30:08
A Ordem dos Farmacêuticos quer voltar a ter apenas nas farmácias alguns medicamentos não sujeitos a receita médica que hoje se vendem noutras superfícies, entre os quais a contraceção de emergência, para evitar o uso abusivo.
Em declarações à agência Lusa, a bastonária dos farmacêuticos, Ana Paula Martins, explicou que a proposta da Ordem, que deverá ser entregue ao Infarmed até final do ano, surge “não tanto pelas características farmacológicas das substâncias (…), mas pela sua utilização”.
Ana Paula Martins dá como exemplo a contraceção de emergência, afirmando: “se uma jovem todas as semanas usar contraceção de emergência pode tornar-se uma questão de saúde pública”.
Exemplifica ainda com o paracetamol, “um medicamento com uma das melhores relações beneficio-risco que se conhece” e que no Reino Unido, há uns anos, “começou a ser usado para intoxicação voluntária”.
Para a bastonária, a farmácia “garante uma disponibilização mais cuidada, mais avaliada e mais conscienciosa”.
“Na farmácia existem técnicos, existem farmacêuticos e um diretor técnico, que está lá”, afirmou.
A vontade de aumentar a lista dos medicamentos não sujeitos a receita médica de venda exclusiva em farmácias foi hoje revelada pelo jornal Correio da Manhã, que escreve que Portugal é o país da Europa com mais medicamentos fora das farmácias e critérios de segurança mais permissivos.
A posição da Ordem dos Farmacêuticos surge uma semana depois de a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) ter manifestado a expetativa do setor em alargar a lista de medicamentos não sujeitos a receita médica comercializados nos seus espaços.
“A expectativa do setor da distribuição” é de que “haja aqui um caminho que se faça no sentido de aumentarmos a lista dos produtos dos medicamentos não sujeitos a receita médica que podem ser vendidos e comercializados no espaço da distribuição”, afirmou a diretora-geral da APED, Ana Isabel Trigo Morais, na semana passada, na apresentação do barómetro de vendas do primeiro semestre, que decorreu em Lisboa.
Segundo a responsável, “é expectativa dos associados da APED e do setor que os reguladores, nomeadamente o Ministério da Saúde e o Infarmed, revejam esta lista de medicamentos que podem ser vendidos nestes espaços de saúde [da distribuição] e que, à semelhança daquilo que acontece noutros países que começaram a experiência há muitos mais anos, nós possamos ter uma oferta ao consumidor mais diversificada, sempre no cumprimento do que são os requisitos para a realização desta venda”.