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Ainda sob reflexo da greve dos caminhoneiros, custo de vida na região metropolitana de São Paulo sobe pelo terceiro mês seguido

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2018-07-21 13:00:08

 

 

Segundo a FecomercioSP, alta foi de 0,97% em junho, a maior variação mensal desde fevereiro de 2016.

O custo de vida na região metropolitana de São Paulo registrou a terceira alta consecutiva em junho, de 0,97%, a maior variação mensal desde fevereiro de 2016, quando assinalava elevação de 0,98%. O indicador já havia registrado aumentos de 0,17% em abril e de 0,19% em maio. Assim, o índice acumula altas de 1,65% no ano e de 4,6% nos últimos 12 meses.

Os dados são da pesquisa Custo de Vida por Classe Social (CVCS), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

Entre as nove categorias que compõem o indicador, três registraram variação negativa em junho: educação (-0,07%), artigos do lar (-0,10%) e vestuário (-0,25%), porém, foram insuficientes para conter a elevação geral do custo de vida já que a soma dos pesos desses grupos no orçamento familiar é de cerca de 17%.

De acordo com a Entidade, o grupo alimentação e bebidas foi o principal responsável pela alta do indicador, com elevação de 2,07%. A paralisação dos caminhoneiros entre maio e junho e a consequente crise de desabastecimento teve impacto sobre os preços dos produtos perecíveis que principalmente exigem uma reposição de estoques mais frequente. O grupo habitação exerceu a segunda pressão mais relevante no medidor do custo de vida, com alta de 1,57%. Outro segmento que também favoreceu a manutenção do CVCS em patamares elevados foi o de transportes, com acréscimo de 1,04%.

Na segmentação por renda, as classes D e E foram as que mais sentiram os aumentos dos preços em junho, com altas de 1,56% e 1,49%, respectivamente. Enquanto as classes B e A foram as menos prejudicadas pelo comportamento do custo de vida em junho, assinalando variações de 0,67% e 0,71%, sucessivamente.

IPV
O Índice de Preços no Varejo (IPV) passou de 0,46% em maio para 1,24% em junho. Trata-se da maior variação desde novembro de 2015. No acumulado de julho de 2017 a junho de 2018, a alta verificada foi de 4,57%. Já nos seis primeiros meses de 2018, a elevação foi de 2,18%.

Quatro dos oito segmentos que compõem o indicador encerraram junho com recuo em seus preços médios: educação (-0,96%); saúde e cuidados pessoais (-0,16%); artigos de residência (-0,21%); e vestuário (-0,25%). Por outro lado, o segmento de alimentação e bebidas exerceu a maior contribuição de alta para o resultado geral do IPV, com elevação de 3,63%. Os maiores aumentos foram observados em batata-inglesa (13%), cebola (9,59%), maçã (10,04%), carne de porco (8,04%), acém (8,87%), costela (7,91%), frango inteiro (8,64%), ovo de galinha (9,41%) e leite longa vida (17,64%).

A segunda maior contribuição de alta foi do grupo de transportes, com alta de 1,31%, registando a maior variação no acumulado dos últimos 12 meses, (12,74%), entre as oito categorias pesquisadas. No mês, destacaram-se os aumentos nos preços de acessórios e peças (0,98%), motocicleta (1,61%), gasolina (3,67%) e etanol (3,63%).

O corte do IPV por faixas de renda indica que as classes D e E encerraram o mês com a maior variação, com elevações de 1,83% e 1,7%, respectivamente. Já as classes A e B foram as que sentiram menos as oscilações positivas nos preços, com variação de 0,81% e 0,88%, consecutivamente.

IPS
O Índice de Preços de Serviços (IPS) inverteu a tendência, passando de um recuo de 0,10% em maio para um avanço de 0,69% em junho. No período compreendido entre janeiro e junho de 2018, a alta foi de 1,1%. No acumulado dos últimos 12 meses, a elevação foi de 4,63%.

O único segmento que encerrou junho com variação negativa foi o de alimentação e bebidas (-0,24%), puxado pelos seguintes itens: refeição (-0,07%), lanche (-0,56%), café da manhã (-1,59%) e doces (-0,32%).

Por outro lado, o segmento de habitação passou de uma alta de 0,47%, em maio, para um aumento de 2%, em junho. Os principais destaques foram aluguel residencial (0,30%), condomínio (0,47%), taxa de água e esgoto (2,28%), energia elétrica residencial (6,34%) e gás encanado (6,13%).

No recorte por renda, as classes A e B foram as menos impactadas pelo desempenho da alta dos preços em junho de 2018, com variações de 0,62% e 0,49%, respectivamente. As classes E e D foram mais prejudicadas e encerraram o sexto mês do ano com acréscimos de 1,17% e 1,15%, sucessivamente.

De acordo com a FecomercioSP, o comportamento observado em junho para os preços do varejo não surpreendeu. Os produtos alimentícios mostraram pressão nos itens in natura, em decorrência do clima adverso, que afeta a produção de alguns desses produtos, e também dos efeitos da paralisação dos caminhoneiros. Segundo a Entidade, a greve não afetou somente a distribuição, mas também atrapalhou a cadeia produtiva, e isso deve ser sentido de forma mais residual ainda nos próximos meses.

Metodologia
O Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), utiliza informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE e contempla as cinco faixas de renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de preços na região metropolitana de São Paulo em 247 itens de consumo. A estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação dos itens de consumo obtida pela POF de 2008/2009 para cada grupo de renda e para a média geral. O IPS avalia 66 itens de serviços e o IPV, 181 produtos de consumo.

As faixas de renda variam de acordo com os ganhos familiares: até R$ 976,58 (E); de R$ 976,59 a R$ 1.464,87 (D); de R$ 1.464,88 a R$ 7.324,33 (C); de R$ 7.324,34 a R$ 12.207,23 (B); e acima de R$ 12.207,23 (A). Esses valores foram atualizados pelo IPCA de janeiro de 2012. Para cada uma das cinco faixas de renda acompanhadas, os indicadores de preços resultam da soma das variações de preço de cada item, ponderadas de acordo com a participação desses produtos e serviços sobre o orçamento familiar.