2018-07-29 18:00:08
Até mesmo medicamentos comuns, como analgésicos e relaxantes musculares, podem afetar a capacidade cognitiva dos motoristas.
No mês de junho, a Lei Seca completou 10 anos. As campanhas de conscientização do trânsito alertam a população e os motoristas sobre os riscos de dirigir após a ingestão de bebidas alcoólicas e uso de drogas. O que muitas pessoas não sabem, no entanto, é que alguns remédios prejudicam tanto ou mais na capacidade de condução do que o álcool em pequenas proporções. Listamos, com a ajuda do médico e diretor da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), Dirceu Alves, sete tipos de remédios que interferem na direção.
“Os remédios afetam três estruturas essenciais para uma direção segura: as funções cognitiva (responsável pela percepção e raciocínio), motora (responsável pelas respostas físicas aos estímulos) e sensório-perceptiva (audição, sensibilidade tátil e visão). Com a utilização de medicamentos, os motoristas podem aumentar o tempo de resposta – ideal de 0,75 segundo – e correm o risco de se envolverem em acidentes”, explica o médico.
Alves acrescenta, ainda, que a sensibilidade para os efeitos colaterais pode variar entre os indivíduos. Cabe ao condutor evitar a ingestão de medicamentos sem receita médica e tomar bastante líquido durante o tratamento. Os analgésicos, antitussígenos e relaxantes musculares, por exemplo, interferem na direção em graus diferentes, a depender da reação do corpo do motorista. Na dúvida, dirija com atenção e pare o carro se sentir tontura ou outro efeito colateral.
1. Analgésicos
- Efeitos colaterais: Euforia, sedação, vertigem, diminuição da concentração e da capacidade cognitiva, passividade.
- Recomendações: Dirigir com cautela em razão dos efeitos colaterais. Percebendo qualquer sinal diferente, deve-se interromper a direção veicular.
2. Antitussígenos
- Efeitos colaterais: Euforia, sedação, vertigem, diminuição da concentração e da capacidade cognitiva com menos intensidade do que os analgésicos.
- Recomendações: Dirigir com cautela em razão dos efeitos colaterais. Percebendo qualquer sinal diferente, deve-se interromper a direção veicular.
3. Antidepressivos
- Efeitos colaterais: Sedação pronunciada, problemas de acomodação, hipotensão, fadiga, vertigens, alterações do comportamento.
- Recomendações: Não dirigir nas primeiras semanas de tratamento.
Atenção: A depressão pode afetar a capacidade de dirigir. O tratamento pode, então, até melhorar a atenção e a coordenação psicomotora dos pacientes motoristas. Nem todos os antidepressivos afetam a capacidade de dirigir.
4. Anti-histamínicos
- Efeitos colaterais: Sedação, ansiedade, insônia, parestesia, alterações da visão, alucinações.
- Recomendações: Não dirigir durante o tratamento com anti-histamínicos de primeira geração (Dimenhidrinato, Bromfenirama, Clorfeniramina, Cinazarina, Difenhidramina, Hidroxicina). O risco é menor nos de segunda geração. Nesse caso, o ideal é dirigir com cautela.
5. Relaxantes musculares
- Efeitos colaterais: Euforia, sedação, vertigem, diminuição da concentração e da capacidade cognitiva, passividade.
- Recomendações: Dirigir com cautela em razão dos efeitos colaterais. Percebendo qualquer sinal diferente, deve-se interromper a direção veicular.
6. Antidiabéticos
- Efeitos colaterais: palpitações, náuseas, alterações na visão; agressividade, alucinações, tonturas, hipoglicemia e alteração do comportamento.
- Recomendações: o motorista só deve conduzir quando a glicemia estiver controlada e ou quando estiver ciente do nível de insulina a ser aplicado sem causar efeitos colaterais.
7. Antiepiléticos
- Efeitos colaterais: sonolência, confusão, perda de memória e concentração, letargia, diminuição da capacidade psicomotora.
- Recomendações: o motorista só deve ser liberado para dirigir após um ano de tratamento sem apresentar crises.
É importante lembrar que existem inúmeros outros tipos de remédios que interferem na direção. Na dúvida, consulte um profissional da saúde sobre os efeitos colaterais.