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Rotina de beleza sul-coreana transforma cosméticos do país em febre mundial

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2018-10-22 09:05:08

 

O ‘limpar, tonificar e hidratar’ comum em muitos países chega a ter 12 passos na Coreia do Sul. Onda do K-beauty vai além dos produtos de cuidado com a pele e inclui a maquiagem natural.

 

Depois do sucesso do K-pop, a Coreia do Sul lança outra febre entre os adolescentes (e adultos), o K-beauty. Jovens de países da Europa, dos Estados Unidos e também do Brasil agora não apenas acompanham as novidades da música ou os seriados sul-coreanos. Eles querem se vestir e se maquiar como os ídolos e copiar suas rotinas de beleza.

Os produtos para cuidar da pele e a maquiagem, geralmente focada em uma aparência mais natural, fazem cada vez mais sucesso entre consumidores do mundo inteiro e já entraram no radar das gigantes de cosméticos.

Há cerca de um ano e meio, as tendências de beleza coreanas têm cada vez mais sido incorporadas por marcas conhecidas. Em 2017, o setor de beleza da Coreia do Sul movimentou cerca de US$ 13 bilhões – aproximadamente R$ 48 bilhões – , de acordo com a empresa de pesquisas em varejo Mintel.

O sucesso dos comésticos sul-coreanos se deve em parte ao fato de serem inovadores, diz a editora de beleza do site de Marie Claire no Reino Unido, Katie Thomas. A indústria de beleza do país está geralmente 10 ou 12 anos à frente do resto do mundo, ela afirma.

Para Thomas, o K-beauty é mais que uma modinha. “Não é uma novidade, nós na verdade estamos correndo atrás deles, graças ao Instagram e dos blogs de beleza.”

Cuidado com a pele em primeiro lugar
Os sul-coreanos levam os cuidados com a pele muito a sério. “Isso está de certa forma arraigado à cultura, de que é preciso cuidar da pele desde muito cedo”, diz Thomas. Ela explica que a mentalidade sul-coreana é a de procurar ter uma pele saudável, que precise o mínimo possível de cobertura – de base ou de produtos para esconder manchas, por exemplo.

Muita gente está acostumada à tradicional rotina de cuidado com a pele em três etapas: limpar, tonificar e hidratar. Na Coreia do Sul, porém, esse processo chega a ter de 7 a 12 passos, sempre com foco em produtos à base de ingredientes naturais com grande capacidade de hidratação.

“Algumas pessoas podem achar que é demais, mas o fato é que, em cada uma dessas etapas, se está nutrindo a pele com esses ingredientes de excelente qualidade”, pondera Thomas.

O país realiza volume muito maior de pesquisas em novos produtos do que a média, ela acrescenta, porque existe um número expressivo de empresas no mercado competindo para estarem entre as preferências dos consumidores.

“A indústria de beleza coreana não tem medo de arriscar e testar novos ingredientes, alguns únicos, que nunca seriam cogitados por empresas europeias ou americanas”, diz Karen Hong, fundadora do K Beauty Bar, uma loja virtual que reúne produtos de diversas marcas e que conta com quiosques em duas lojas Topshop no Reino Unido, uma em Londres e outra em Manchester.

Entre os “ingredientes únicos”, Hong cita a mucina de caracol (a substância viscosa que o molusco produz para se locomover), usada em hidratantes, chá verde para controle da oleosidade, o uso de pérolas em iluminadores e própolis de abelha para nutrir e deixar a pele mais macia.

Papel das redes sociais

Nos Estados Unidos, 13% das adolescentes entre 10 e 17 anos têm interesse em experimentar produtos K-beauty, e 18% das jovens entre 18 e 22 já usaram cosméticos ou maquiagem sul-coreanos.

Para o analista de mercado de beleza da Mintel, Andrew McDougall, as tendências que saem da Coreia do Sul ganharam popularidade graças a “estratégias de marketing digital inteligentes” nas redes sociais, que acabam capturando o interesse de influenciadores e jornalistas em diversas partes do mundo.

As embalagens “divertidas”, ao lado dos tutoriais e avaliações de produtos no Instagram e no YouTube, chamam atenção dos consumidores, ele avalia. “São compradores mais bem informados, que pesquisam bastante, e são os influenciadores digitais que geralmente os apresentam ao K-beauty”, diz McDougall.

“Aquela coisa divertida do K-pop, com uma abordagem bem-humorada, é muito presente na indústria. E funciona bem. As pessoas compram também porque gostam da embalagem – coisas que elas podem fotografar na prateleira do banheiro”, concorda Katie Thomas.

No Reino Unidos, alguns produtos podem ser encontrados em lojas como Topshop e TKMaxx, mas a maioria dos cosméticos e maquiagem só está disponível em lojas online.