2019-01-15 10:30:08
Bactéria responsável pela doença foi diagnosticada em uma mulher em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, neste domingo (13). É o primeiro caso descrito no Brasil desde 2005.
Neste domingo (13), uma infecção pela bactéria Yersinia pestis foi confirmada em São Gonçalo (RJ). A bactéria causa a peste, doença que pode aparecer em duas formas: a bubônica ou a pneumônica. Entre 2010 e 2015, foram 3.248 casos reportados em todo o mundo — mas, no século 14, a peste chegou a matar 50 milhões de pessoas na Europa, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
O Ministério da Saúde informou na tarde desta segunda-feira (14) que no caso de São Gonçalo, após novo exame, foi descartada a peste bubônica. O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) do estado do Rio de Janeiro refez a análise e identificou a bactéria Morganella morganni – uma bactéria oportunista comum no ambiente e nas pessoas.]
Hoje, a maior parte dos casos, segundo a OMS, está no Congo, Madagascar e Peru. No Brasil, o último caso foi registrado em 2005, no Ceará, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Entenda o que é a doença, como é transmitida, qual o tratamento e como se prevenir:
O que é a peste?
Existem duas variações da doença: a bubônica e a pneumônica. Todas são causadas pela mesma bactéria, a Yersinia pestis, que está presente em pequenos mamíferos, como o rato, e em suas pulgas.
Na forma bubônica, os linfonodos — pequenos conjuntos de células do sistema de defesa espalhados pelo corpo — ficam inflamados, formando o que se chama de “bubão pestoso”. Em fases avançadas da infecção, os linfonodos inflamados podem se transformar em feridas abertas, com pus.
“A peste afeta os roedores. É a mortalidade dos ratos que é o prenúncio da peste. A pulga não é um parasita habitual do ser humano, é acidental. A peste é sempre uma doença da baixíssima condição social. Para ter casos de peste, é preciso ter uma condição social muito baixa, uma pobreza extrema. É o que acontecia naqueles aglomerados na Idade Média. E tem que faltar água, não ter como lavar a mão”, diz Kléber Luz, infectologista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Se não for tratada, a peste bubônica pode se agravar e se transformar em peste septicêmica. Nesse caso, a bactéria cai na corrente sanguínea e a infecção se espalha por todo o corpo.
A peste também pode aparecer nos pulmões — é a forma pneumônica da doença, a mais grave. Esse é o tipo que, se não for tratado, pode ser fatal entre 18 e 24 horas depois de aparecerem os primeiros sintomas, de acordo com a OMS.
Quais os sintomas?
Os primeiros sintomas da peste costumam aparecer entre um e sete dias após a infecção — é o chamado período de incubação. Os sinais podem ser:
- Formação de bubões que podem soltar pus
- Febre alta
- Calafrios
- Dores na cabeça e no corpo
- Fraqueza
- Vômito e náusea
- Confusão mental
- Taquicardia (coração batendo rápido demais) e hipotensão (pressão arterial baixa)
- Hemorragias
- No caso da peste pneumônica, a pessoa pode cuspir sangue e sentir dor no tórax.
Como é transmitida?
A doença é passada de um animal para o outro por meio de pulgas infectadas. Normalmente atinge pequenos mamíferos, como ratos. Em humanos, a transmissão se dá de três formas:
- pela mordida de pulgas infectadas;
- por contato direto com materiais contaminados ou com fluidos corporais de alguém doente;
- pela inalação de gotículas respiratórias de pacientes contaminados com a peste pneumônica.
- quando a transmissão é feita pela pulga, normalmente a pessoa desenvolve a versão bubônica da doença. Já a transmissão entre humanos normalmente leva à forma pneumônica da infecção.
Qual o tratamento?
O tratamento é feito com antibióticos, de preferência nas primeiras 15 horas após o início dos sintomas, de acordo com o Ministério da Saúde.
Como prevenir?
É recomendado evitar contato com roedores, tomar cuidados com mordidas de pulgas e não manusear carcaças de animais, além de evitar contato com tecidos e fluidos corporais contaminados. Também é preciso instituir o controle das pulgas, que são as vetoras das bactérias, e investigar lugares com muitas mortes de pequenos animais.