2019-02-01 12:30:08
Relatório da Organização Mundial de Saúde afirma que resistência à vacinação ameaça reverter progresso no combate às doenças; outros riscos listados incluem ebola, HIV e dengue.
O movimento antivacinação foi incluído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em seu relatório sobre os dez maiores riscos à saúde global em 2019. Numa lista em que figuram vírus mortais como os do ebola, HIV, dengue e influenza, a “hesitação em se vacinar” foi incluída porque “ameaça reverter o progresso feito no combate às doenças evitáveis por meio de vacinação”.
“A vacinação é uma das formas mais eficientes, em termos de custo, para evitar doenças”, afirmou a OMS no documento. “Ela atualmente evita de 2 a 3 milhões de mortes por ano, e outro 1,5 milhão poderia ser evitado se a cobertura vacinal fosse melhorada no mundo.”
Segundo a OMS, as razões por que as pessoas escolhem não se vacinar são complexas, e incluem falta de confiança, complacência e dificuldades no acesso a elas. Há também os que alegam motivos religiosos para não vacinar a si mesmo ou a seus filhos.
Os efeitos da redução da cobertura vacinal já vêm sendo notados: os casos de sarampo, por exemplo, aumentaram 30% no mundo, segundo os últimos dados disponíveis (2017). Países onde a doença estava extinta, como os Estados Unidos, voltaram a registrar epidemias.
“Trabalhadores da saúde, especialmente os comunitários, são os maiores e mais confiáveis conselheiros e influenciadores para a decisão de se vacinar, e é preciso apoiá-los para que forneçam informação confiável sobre as vacinas”, diz o relatório.
Além da resistência à vacinação, as outras nove ameaças mais graves à saúde global em 2019 são:
Poluição do ar e mudanças climáticas — “Nove em cada dez pessoas respira ar poluído diariamente. Em 2019, a poluição do ar é considerada pela OMS a maior ameaça ambiental à saúde. Poluentes microscópicos presentes no ar podem penetrar nos sistemas respiratório e circulatório, danificando os pulmões, o coração e o cérebro e matando anualmente 7 milhões de pessoas com doenças cardíacas e pulmonares, câncer e derrame. Cerca de 90% dessas mortes acontecem em países de renda baixa ou média, com volumes elevados de emissão de poluentes vindos das indústrias, transportes e agricultura”, afirma o relatório.
A causa primária da poluição do ar — a queima de combustíveis fósseis — é também um dos maiores responsáveis pelas mudanças climáticas, que impacta a saúde global de diferentes maneiras. Entre 2030 e 2050, as mudanças climáticas devem causar mais 250 mil mortes por ano, por má nutrição, diarreia e calor.
Doenças não-transmissíveis — “Doenças como diabetes, câncer e as cardíacas são responsáveis por mais de 70% das mortes no mundo. São 41 milhões de pessoas mortas por doenças não-transmissíveis a cada ano, sendo que 15 milhões destas morrem prematuramente, entre os 30 e os 69 anos de idade”, afirma o relatório da OMS.
“Mais de 85% das mortes prematuras acontecem em países de renda baixa ou média. O aumento das doenças não-transmissíveis tem sido causado por cinco fatores principais: uso de tabaco, falta de atividade física, uso excessivo de álcool, alimentação pouco saudável e poluição do ar.”
Pandemia global de influenza — “O mundo vai enfrentar outra pandemia do vírus influenza (causador da gripe) – só não sabemos ainda quando e quão grave vai ser”, afirma a OMS. Gripes sazonais matam 650 mil pessoas por ano no mundo todo. O relatório lembra que as defesas globais contra o vírus estão limitadas pela capacidade do sistema de saúde de cada país, mesmo os mais pobres, de antecipar e reagir a uma pandemia.
Ambientes frágeis e vulneráveis — “Mais de 1,6 bilhão de pessoas (22% da população global) vive em locais em que crises prolongadas (numa combinação de desafios como a seca, a fome, conflitos e deslocamento populacional) enfraquece os sistemas de saúde e as deixa sem acesso a serviços básicos”, diz o documento da OMS.
Resistência antimicrobial — “O desenvolvimento de antibióticos e antivirais é um dos maiores sucessos da medicina moderna. Agora, o tempo dessas drogas está acabando. A resistência antimicrobial — a capacidade que bactérias, parasitas, vírus e fungos têm de resistir a esses medicamentos — ameaça nos levar de volta a uma época em que não havia tratamento fácil para infecções como a pneumonia, tuberculose, gonorréia e salmonelose”, afirma o texto.
“A resistência aos medicamentos é causada pelo uso excessivo deles por pacientes humanos, mas também em animais, especialmente aqueles usados para a alimentação.”
Ebola, Zika e outros patógenos de alto risco — “A OMS identifica doenças e patógenos que têm potencial para causar uma emergência de saúde pública mas contra os quais não há vacinas ou tratamentos eficientes. Essa lista de prioridades para pesquisa e desenvolvimento (de medicamentos) inclui o ebola e outras febres hemorrágicas, o zika e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês).”
Falha na assistência básica de saúde — “A assistência básica geralmente é o primeiro ponto de contato da população com o sistema de saúde. Idealmente, ela deveria fornecer assistência abrangente, comunitária e custeável ao longo da vida das pessoas. No entanto, muitos países não têm assistência básica adequada. Essa negligência pode ser causada pela falta de recursos em nações pobres, mas também pelo foco em programas que tratam de doenças específicas”.
Dengue — “Transmitida por mosquito, a doença causa sintomas parecidos com a febre e pode ser letal em 20% dos casos graves. Sua ameaça vem crescendo há décadas, e cerca de 40% do mundo vive sob risco de dengue. Anualmente, acontecem 390 milhões de infecções pelo vírus”.
HIV — “O progresso feito na luta contra o HIV tem sido imenso — 22 milhões de pessoas estão em tratamento contra o vírus (que causa a Aids). No entanto, a epidemia continua matando cerca de um milhão de pessoas por ano. Desde seu surgimento, mais de 70 milhões foram infectados e cerca de 35 milhões morreram. Hoje, aproximadamente 37 milhões vivem com o HIV, no mundo”.