2019-02-13 11:00:08
Beneficiado pela inflação baixa e pela recuperação da confiança, expansão do setor também depende de melhora do mercado de trabalho e reformas do novo governo.
As vendas no comércio varejista cresceram significativamente no período de 2003 a 2014. O setor, contudo, não escapou da crise que atingiu a economia brasileira em 2015 e 2016, tendo encolhido 13,4% nesse período, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos últimos anos, a atividade econômica demonstrou uma leva recuperação: alta de 1% em 2017 e crescimento estimado de 1,3% em 2018. Agora, passada a crise, condições mais favoráveis para a retomada das vendas no varejo são projetadas.
Resolvida a questão eleitoral, que elevou o nível de incerteza ao longo do ano passado, o cenário econômico se mostra mais animador. A confiança na economia tanto por parte dos consumidores quanto dos empresários vem sendo retomada de forma gradual, em função da capacidade de reação mais consistente do setor produtivo, a despeito do desemprego ainda elevado.
Deve-se levar em conta que a redução da inflação colaborou para aumentar o poder de compra das famílias, elevando o consumo, e, com isso, o comércio voltou a se expandir.
Aliado a isso, há o desempenho positivo do nível de endividamento das famílias. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), organizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), em janeiro do ano passado, 53,3% das famílias estavam endividadas. No primeiro mês de 2019, o volume caiu para 49,9%, resultado que aponta melhores condições para realização de compras a prazo.
Confiança, inflação e endividamento controlados, no entanto, não bastam. Para manter um ritmo crescente de consumo, além da inflação baixa, se faz necessário melhorar o mercado de trabalho e reduzir os juros ao consumidor. Por isso, a continuidade da retomada depende das ações econômicas do novo governo, sobretudo a implementação de reformas que ponham as contas públicas em ordem.
Enquanto isso, os empresários, de maneira geral, devem manter uma gestão austera, com atenção à variação do dólar para não encarecer suas operações, direcionar os investimentos aos setores mais produtivos e evitar estoques e endividamento elevados.