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EUA aprovam novo ‘viagra feminino’

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2019-06-25 12:30:08

 

A bremelanotida age no sistema nervoso central com o intuito de melhorar os níveis de dopamina, hormônio responsável pela excitação.

 

A espera parece finalmente ter chegado ao fim: agora, mulheres com baixa libido podem contar com um medicamento ao estilo “viagra” para contornar o problema. Na semana passada, a Food and Drug Administration (FDA) – agência americana para controle de medicamentos – aprovou uma injeção para melhorar o desejo sexual de mulheres na pré menopausa ou que sofrem da síndrome do desejo sexual hipoativo (DSH).

De acordo com AMAG Pharmaceuticals, empresa responsável pelo produto, ao contrário das versões que já estavam disponíveis no mercado, a nova medicação não é de uso constante, podendo ser tomada apenas quando necessário. As instruções indicam que o Vyleesi, nome comercial do bremelanotida, deve ser injetado na coxa ou no abdômen, 45 minutos antes da relação sexual. Outra novidade: a injeção pode ser utilizada mesmo se a mulher tiver ingerido álcool.

“Estamos entusiasmados com a possibilidade de oferecer outra opção às pacientes. Essas mulheres sofreram bastante, praticamente em silêncio, por uma condição estigmatizada, e muitas delas não sabem que é tratável”, comentou Julie Krop, diretora médica da AMAG, ao The New York Times. A fabricante informou que o Vyleesi estará disponível para comercialização nos Estados Unidos a partir de setembro.

O novo medicamento chega ao mercado quatro anos após a aprovação da flibanserina, o primeiro remédio para estimular a libido feminina. Porém, seu mecanismo de ação é diverso e não é imediato. Para que ele faça efeito, é preciso ingerir o comprimido todas as noites antes de dormir por, pelo menos, quatro semanas para aparecem os primeiros efeitos positivos. O auge da melhora só ocorre após dois meses de tratamento.

‘Viagra feminino’

Estima-se que 8% a 10% das mulheres tenham DSH – uma das disfunções sexuais que mais se afetam a população feminina. Eles ainda alertam que o problema tem alto impacto na autoestima e autoconfiança da mulher, além de interferir no relacionamento e abalar sua imagem corporal. Portanto, a existência de um medicamento menos restritivo capaz de estimular a libido é extremamente importante para essas mulheres.

Apesar de ser classificada como ‘viagra feminino’, o Vyleesi atua de forma diferente do medicamento masculino. Enquanto o citrato de sildenafila (composto ativo do Viagra) trabalha para favorecer a dilatação das artérias que levam sangue para o pênis, o bremelanotida age no sistema nervoso central com o intuito de melhorar os níveis de dopamina, hormônio responsável pela excitação.

Segundo a farmacêutica, o Vyleesi demonstrou melhora nos sentimento de desejos das mulheres e diminuiu sensações de angústia em relação ao sexo. Por outro lado, não houve interferência significativa nas taxas de satisfação sexual, o que aponta para a possibilidade de a baixa libido não ser o único fator que afeta a sexualidade feminina. Ou seja, uma parte do problema pode estar nas experiências insatisfatórias.

Apenas parte do tratamento

Embora demonstre eficácia no tratamento do baixo desejo sexual em mulheres, especialistas afirmam que o novo medicamento não será necessariamente um tratamento de primeira linha para a condição, por isso é necessário acrescentar outras terapias, incluindo de caráter psicológico. Além disso, antes de prescrever a medicação, os profissionais de saúde devem verificar outras possíveis causas para a baixa libido, como condições médicas subjacentes, efeitos colaterais devido a medicamentos ou fatores de stress dentro do relacionamento.

“Há muitos fatores químicos que influenciam a libido da mulher. A disfunção sexual feminina é mais complicada do que a masculina, por isso é mais difícil de tratar. Portanto, não se pode usar apenas um tratamento químico como parte da ampla abordagem à baixa libido”, ressaltou Nicole Cirino, da Universidade de Ciência e Saúde do Oregon, nos Estados Unidos, à CNN.

Efeitos colaterais

Como toda medicação, o Vyleesi apresenta efeitos colaterais incômodos, como dor de cabeça e rubor. Durante os testes clínicos, 40% das participantes experimentaram náusea – 8% delas abandonaram o estudo por causa disso. Outro efeito colateral é escurecimento de partes da pele e das gengivas – que não desaparece mesmo após o término do tratamento (1% dos casos).

A FDA ainda destacou que mulheres com pressão alta ou doenças cardiovasculares (ou em risco de tê-las) não devem tomar o medicamento.