2019-12-09 11:30:08
Critérios de Beers relaciona medicamentos inapropriados para pacientes idosos.
Conforme envelhecemos, ou assistimos ao envelhecimento de parentes e amigos próximos, aprendemos a conviver com uma lista de remédios para controlar doenças crônicas e outras mazelas sorrateiras que surgem pelo caminho. No entanto, nunca conversamos com os médicos sobre outra lista, conhecida no Brasil como Critérios de Beers, que relaciona os medicamentos inapropriados ou pouco seguros para serem administrados a pacientes idosos.
Criada em 1991 pela Sociedade Americana de Geriatria, a lista passa por atualizações periódicas, e a última foi divulgada no começo deste ano. Um grupo de especialistas revisou mais de 1.400 artigos e fez alterações nas orientações que estavam vigentes desde 2015. Por exemplo, atualmente deve se evitar o uso de AAS para prevenção primária de doença cardiovascular acima de 70 anos, por causa do risco de sangramento, assim como não fazer uso de opioides com benzodiazepínicos.
Há os medicamentos potencialmente inapropriados; aqueles que devem ser utilizados com precaução; os que podem provocar interação medicamentosa; e os a serem evitados em determinadas condições, ou seja, é preciso ter uma visão do paciente como um todo. No X Congresso de Geriatria e Gerontologia do Rio de Janeiro, a médica Roberta Barros da Costa Parreira, mestre em epidemiologia e geriatra da Policlínica Piquet Carneiro, da Uerj, citou o caso de uma paciente de 80 anos que levou quatro receitas diferentes para a consulta com o geriatra com um pedido singelo: gostaria de tomar menos remédios. “O desafio da geriatria é justamente evitar o risco da polifarmácia e a desprescrição pode ser o caminho”, afirmou durante o evento.
Quando o idoso vai a diferentes especialistas e não há comunicação entre eles, o perigo de uma interação medicamentosa aumenta. Além disso, há uma lista extensa de drogas cuja utilização está associada ao risco de quedas, uma das principais causas de perda de mobilidade e independência. Entre eles estão os benzodiazepínicos, receitados para quem tem problemas de ansiedade e insônia; antipsicóticos, para dificuldades de comportamento que ocorrem no Alzheimer e outras demências; antidepressivos; opioides; anti-hipertensivos; e medicamentos para baixar as taxas de açúcar no sangue, que podem levar a um quadro de hipoglicemia.
De acordo com estudo da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, os anticolinérgicos são drogas prescritas com frequência que aumentam o risco de demência. São medicamentos da classe dos anti-histamínicos, ou antialérgicos, relaxantes musculares ou para o controle de bexiga hiperativa. Segundo a pesquisa, há um aumento de 50% para o risco de demência em pacientes acima dos 55 anos que utilizem altas doses desse tipo de medicação por mais de três anos.