2020-11-23 13:09:01
Bactérias resistentes causam atualmente 700 mil mortes por ano em todo o mundo. Em 2050, o número de vidas perdidas anualmente pode chegar a 10 milhões.
Anvisa adverte: interromper tratamentos com antimicrobianos sem antes discutir com o profissional prescritor nunca é uma boa ideia, pelo simples fato de que a doença pode não ser curada adequadamente e o microrganismo pode desenvolver resistência aos medicamentos.
De forma resumida, podemos entender a resistência microbiana como um fenômeno caracterizado pela capacidade de microrganismos (bactérias, fungos, parasitas etc.) resistirem à ação de antimicrobianos. O resultado disso é a diminuição ou a eliminação da eficácia do medicamento para curar ou prevenir infecções, ou seja, não se obtém o sucesso esperado com a terapia antimicrobiana.
As consequências desse problema vão desde o agravamento de enfermidades, o prolongamento de internações e a necessidade de se utilizar mais medicamentos, aumentando o risco de efeitos adversos, até óbitos, em casos extremos.
O problema já tem impacto conhecido no tratamento de doenças como infecções urinárias, respiratórias e sexualmente transmissíveis (ISTs), além de pneumonias e tuberculose, além de várias outras. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a resistência microbiana causa 700 mil mortes todos os anos, exigindo esforço global no seu enfrentamento.
Agravante
De acordo com a avaliação da OMS, o principal fator que impulsiona o desenvolvimento de infecções resistentes a medicamentos é justamente o uso indevido e excessivo de antimicrobianos. E, atualmente, há ainda outro sério agravante: o uso indevido de antibióticos durante a pandemia de Covid-19, que pode levar à aceleração do surgimento e disseminação da resistência microbiana.
Campanha global
Todos os anos a OMS realiza a Semana Mundial de Conscientização sobre o Uso de Antimicrobianos, sempre entre os dias 18 e 24 de novembro. O objetivo da ação é aumentar a conscientização global sobre a resistência microbiana, além de incentivar as melhores práticas entre o público em geral, trabalhadores da saúde e formuladores de políticas para prevenir o desenvolvimento e a propagação de infecções resistentes a antimicrobianos.
Em 2020, o tema escolhido para o setor de saúde humana é “Unidos para preservar os antimicrobianos”. De acordo com a OMS, se não forem tomadas ações em relação a esse problema, estima-se que até 2050 ele causará, anualmente, a perda de 10 milhões de vidas em todo o mundo, além de um prejuízo econômico de 100 trilhões de dólares.
Para finalizar esta matéria, colocamos abaixo fatos importantes considerados pela OMS em relação à resistência antimicrobiana e orientações para a população. Confira!
Fatos importantes para a OMS
- A resistência aos antibióticos é uma das maiores ameaças à saúde global, à segurança alimentar e ao desenvolvimento.
- A resistência aos antibióticos pode afetar qualquer pessoa, de qualquer idade, em qualquer país.
- A resistência aos antibióticos ocorre naturalmente, mas o uso indevido de antibióticos em humanos e animais está acelerando o processo.
- Um número crescente de infecções – como pneumonia, tuberculose, gonorreia e salmonelose – está se tornando mais difícil de tratar, pois os antibióticos usados em seus tratamentos vão ficando menos eficazes.
- A resistência aos antibióticos leva a hospitalizações mais longas, maiores custos médicos e aumento da mortalidade.
Orientações para a população
Para prevenir e controlar a propagação da resistência aos antibióticos, as pessoas podem seguir as seguintes recomendações da OMS:
- use antibióticos apenas quando prescritos por um profissional de saúde;
- nunca exija antibióticos se o seu profissional de saúde disser que você não precisa deles;
- sempre siga as orientações do profissional de saúde ao usar antibióticos;
- nunca compartilhe ou use sobras de antibióticos;
- prepare os alimentos de forma higiênica, seguindo as Cinco Chaves da OMS (manter limpos, separar os crus e cozidos, cozinhar bem, manter os alimentos em temperaturas seguras, usar água e matérias-primas seguras), e escolha aqueles produzidos sem o uso de antibióticos para promoção do crescimento ou prevenção de doenças em animais saudáveis.