2021-01-04 12:00:21
O COVID-19 acelerou o processo tecnológico na saúde e permitiu a chamada saúde 5.0
Como vai ser o futuro? Não tão longe assim. Daqui a cinco anos? E como a área da saúde vai poder acompanhar toda essa revolução tecnológica em ritmo acelerado? No campo farmacêutico já se fala na Farmácia 5.0. É o que prevê o médico e professor, Chao Lung Wen. Ele é líder do grupo de pesquisa sobre Telemedicina da Universidade de São Paulo, um dos maiores especialistas sobre o tema no Brasil. Chao participou do evento “Farmácia na Era da Disrupção”, promovido pelo Conselho Federal de Farmácia. O especialista reforça que a Covid-19 acelerou o processo tecnológico na saúde e a noção das pessoas sobre a importância disso, ele afirma que estamos na década dos quatro hipers: hiperconetividade, hiper-realidade, hiperpresença e hiperinteligência. Em que a inteligência digital vai estar cada vez mais na rotina das pessoas: a chamada saúde conectada 5.0.
Crescimento do setor Homecare
“A Covid nos ensinou que nem sempre os hospitais são os locais mais seguros, e você deve ir ao hospital realmente quando precisa. Então, o futuro está no que chamo de saúde distribuída: que é a residência das pessoas. Nós vamos evoluir muito possivelmente para o conceito da farmácia 5.0, criando micro hub regional de saúde. O Setor Homecare cresceu 22,8% no Brasil, e vai crescer à medida que a tecnologia avança. Portanto, estamos na década da saúde distribuída e humanizada em domicílio com sistemas de telepresença domiciliar”, acredita.
Farmácia 5.0
O professor Chao enfatiza que a farmácia deve se preparar para as grandes mudanças que começam a acontecer no setor tendo à frente as grandes corporações. Ele cita como exemplo o Pill Pack. Já realidade nos Estados Unidos, esse se baseia na entrega aos pacientes dos medicamentos organizados de acordo com o dia e hora de administração mediante prescrição. “Pill Pack não é apenas a entrega de medicamento. É um sistema de checagem de interação medicamentosa, em que se tem antagonismo entre medicamentos, distribuição e conservação (porque lacra os comprimidos para não pegarem umidade, luminosidade e nem a temperatura). É um conceito de serviço agregado a um produto. E é aí que chegamos ao ponto da farmácia 5.0. Ela não deve ser só uma loja. Ela leva à proximidade de serviço, inclusive da empatia e humanização e talvez com mais um setor: a farmacovigilância. Estamos num mundo em que nós temos que agregar valor, ao invés de apenas entregar produto numa loja e nos aproximando mais das pessoas.”
Resistência do setor
Quem também alerta para os novos tempos é o farmacêutico Eugênio Neves: é Consultor Senior do Hospital Sírio Libanês para Terminologias de Medicamentos, Fundador da eNEves Consultoria em Tecnologias da Informação para a Saúde e foi coordenador do Grupo Institucional de Trabalho da Farmácia Digital do Conselho Federal de Farmácia.
Na avaliação dele, o cenário aponta para uma mudança sísmica no setor farmacêutico mundial. Para ele, aqueles que acreditam que isso deve demorar talvez precisem rever conceitos.“É como aconteceu com o Uber, houve muita resistência, os setores tradicionais resistiram, o corporativismo tentou se defender, mas venceu a necessidade de conveniência das pessoas e a qualidade do serviço. Na verdade, estão conseguindo aproximar o que estava distante.
Os serviços de telessaúde me permitem essa proximidade. São serviços de proximidade e não serviços remotos. Então pode se prever que o exercício profissional fica menos dependente do local e mais da necessidade. Então eu consigo estar próximo de onde preciso e oferecer serviços diferenciados de maneira integrada ao sistema de saúde.