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Exames Laboratoriais definem procedimentos e estratégias do farmacêutico esteta

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2021-06-07 13:07:50

 

A tão visada saúde estética como campo de atuação do farmacêutico requer conhecimentos além dos adquiridos na graduação para que o profissional possa desenvolver um trabalho de excelência.

 

Além disso, a área permite a realização de procedimentos minimamente invasivos, mas que aumentam o risco de intercorrências. Isso, inevitavelmente, exige um profissional com conhecimento multidisciplinar, compreendendo, inclusive, as tratativas com exames laboratoriais.

Na publicação Guia Farmácia Estética, o Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF-RJ) afirma que o farmacêutico esteta pode solicitar exames, avaliar os resultados de exames clínico-laboratoriais e determinar parâmetros bioquímicos e fisiológicos do paciente.

Contudo, a finalidade da conduta não é realizar o diagnóstico de patologias, mas compor parte da avaliação, definição de procedimentos e estratégias, acompanhamento e evolução estética. Os resultados de exames clínico-laboratoriais são imprescindíveis no diagnóstico de diversas disfunções inestéticas, além de serem importantes para a segurança do paciente durante o seu tratamento.

“Os exames laboratoriais são extremamente importantes no monitoramento farmacoterapêutico, e para a escolha do procedimento a ser realizado na estética corporal, facial e tricologia, pré-requisito para realização da técnica estética de terapias em processos como lipólise, queda capilar e clareamento de manchas”, revela a farmacêutica e bióloga, especialista em Saúde Estética Avançada e em Cosmética e Farmácia Magistral, membro do Grupo de Trabalho de Farmácia Estética do Conselho Regional de Farmácia de Goiás (CRF-GO), Dúria Barbosa Dias.

O farmacêutico bioquímico, especialista em Ortomolecular, em Gestão em Saúde, coordenador do departamento técnico da Consulfarma e professor, Luiz Moreira, explica que quando se fala de desarmonias estéticas, a referência é para uma série de patologias, como melasma, celulite, acne, estrias, rugas, rosácea, dermatite atópica e alopecia. E para cada uma delas existem exames próprios que merecem atenção.

Primeiramente, o farmacêutico precisa conhecer da fisiopatologia da desarmonia que ele vai tratar. No caso do melasma, é necessário compreender exames que estão relacionados ao processo inflamatório, envolvidos com as taxas hormonais – tanto dos hormônios sexuais, como do hormônio do estresse, que é o cortisol. Não existe uma lista de exames específica, porque, reitera-se, cada patologia exige os seus.

São exemplos justificáveis de solicitações de exames pelo farmacêutico esteta:

  1. HbA1c, frutosamina e outros testes de monitoramento do diabetes, em pacientes a serem submetidos a procedimentos invasivos que exigem cicatrização regular, como microagulhamento;
  2. Dosagem de hormônios, micronutrientes e hemograma no diagnóstico e tratamento das alopecias, unhas e cabelos quebradiço.

“O farmacêutico precisa entender sobre interpretação de hemogramas, e principalmente as relações que nós podemos calcular entre as células da série branca do hemograma; exames laboratoriais que nos mostram inflamação; exames laboratoriais correlacionados com marcadores de estresse oxidativo; exames relacionados à investigação de disbiose e função intestinal, renal e hepática, e exames laboratoriais para investigar as concentrações dos hormônios sexuais, hormônio do estresse e função tireoidiana, entre outros”, afirma Moreira.

Segundo o professor, o farmacêutico esteta não vai encontrar essas interpretações em qualquer curso de capacitação ou especialização. Ele não encontrará pessoas que estão conseguindo ministrar aulas abordando exames laboratoriais e doenças estéticas. É necessário se capacitar, sim, para aprender essa interpretação, mas, principalmente, compreender como fazer a correlação com as desarmonias estéticas.

 

Exames descartam intercorrências

Dúria ressalta que, em um plano de tratamento corporal, existe a possibilidade de intercorrência e os exames podem descartar tais complicações e identificar casos como esteatose hepática, por exemplo. É importante dosar colesterol, triglicérides, glicose, lactato e outros analitos, possibilitando uma maior agilidade no processo de avaliação do paciente e na escolha individual do tratamento.

Além disso, deve-se dosar IgE específica contra alérgenos inalantes ou outros alérgenos envolvidos na história clínica do paciente para realização de procedimentos faciais a nível epidérmico, como os limpeza de pele e os peelings, e dérmico, em caso de preenchimento e bioestimuladores. A dosagem de zinco, serve para, quando na sua deficiência, o efeito do tratamento com a toxina botulínica tende a ser menor.

“Há necessidade de antecedente análise laboratorial para a precaução de potenciais riscos à saúde do paciente,  uma das razões que nos leva a solicitar exames são em quadros de resistência à insulina; em sessões de procedimentos para redução de gordura localizada, como carboxiterapia, criolipólise, criofrequência, hidrolipoclasia; dosagem de testosterona e di-hidrotestosterona para tratamento capilar, com o microagulhamento e intradermoterapia; paciente aparentemente saudável com distúrbios de coagulação e hemostasia devem ser também submetidos à intradermoterapia ou técnica de microagulhamento, além da finalidade da solicitação de exames pela eficácia dos resultados”, explica Dúria.

 

Capacitação

Profissionais de saúde que atuam na área de estética devem estar alertas quanto à necessidade de exames laboratoriais para se iniciar os tratamentos, por falta de conhecimento e capacitação, muitos profissionais não se atentavam para a importância de exames laboratoriais básicos nas clínicas estéticas. No cenário atual, de acordo com Dúria, eles estão sendo inseridos nas grades curriculares em cursos de pós-graduação em saúde estética, na disciplina de interpretação de exames laboratoriais, além de cursos de capacitação disponíveis para os profissionais com carga horária de 20 a 40 horas.

“O segredo do sucesso para quem está começando na saúde estética é entender que o seu fenótipo não é somente determinado pelo genótipo, mas sim é um resultado do seu metaboloma. Então, aquilo que nós olhamos pelo espelho é o resultado do seu perfil metabólico. Se o farmacêutico entender isso e dentro da estética ele começar a aprender sobre bioquímica, metabolismo, por exemplo, ele terá maior sucesso nesse segmento. A abordagem dele e as estratégias terapêuticas serão mais eficientes. Os exames laboratoriais mostram o reflexo do metabolismo do paciente, uma visão além do alcance, para que se pense nas estratégias de tratamentos estéticos que serão mais eficazes”, reforça Moreira.