2021-06-10 14:10:07
O profissional deve ficar sempre atento as boas práticas e aos protocolos de segurança do paciente.
Recentemente uma estudante de medicina de 23 anos foi vítima de um erro ao tomar a vacina contra a Covid-19, na Itália. Ela recebeu, erroneamente, seis doses do imunizante da Pfizer. Erros grosseiros como esse acontecem, como o de aplicar a vacina errada no paciente certo ou a vacina certa no paciente errado ou, ainda, a troca de vacinas devido à semelhança dos rótulos e as letras pequenas. Outra possibilidade é a aplicação na via errada, ou seja, quando uma vacina intramuscular é aplicada via subcutânea, ou uma vacina oral administrada por via injetável.
Para evitar essas ocorrências, o profissional precisa ficar atento à técnica certa. Quem explica é a farmacêutica Renata Andrade, doutora em imunologia das doenças infecciosas, consultora ad hoc do Conselho Federal de Farmácia (CFF) e professora da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em Minas Gerais.“Muitas pessoas acham que a vacinação pode ser realizada em qualquer lugar do braço. Quando a via é intramuscular, como é a via das vacinas contra Covid-19, o músculo utilizado é o deltoide, na região onde ele é mais espesso (aproximadamente quatro dedos abaixo do ombro). É errado realizar a aplicação próximo ao ombro ou próximo ao cotovelo, pois poderá causar inflamação e lesões nas articulações. As recomendações mais recentes orientam que seja utilizada uma técnica chamada técnica em Z. Resumidamente essa técnica consiste em esticar a pele, aplicar, retirar a agulha e soltar a pele. Assim, fica mais difícil da vacina sair pelo orifício da agulha. Portanto, existe a técnica correta para aplicação de vacinas tanto pela via subcutânea quanto pela via intramuscular˜, afirmou a farmacêutica.
Vacina vencida:
Outros erros possíveis são a aplicação de vacina vencida, deteriorada ou aplicada em pessoas que não poderiam recebê-las, como as vacinas contraindicadas para gestantes, por exemplo. Outra situação é quando o intervalo entre as doses de uma vacina não é respeitado. Existe ainda uma discussão sobre fazer prega ou não na hora da vacinação.“A prega deve ser feita para vacinas aplicadas pela via subcutânea. Em relação à via intramuscular, realizada no músculo deltoide, localizado no braço, como é o caso das vacinas contra Covid-19, as recomendações mais atuais não indicam o uso da prega, pois ela pode aumentar o risco de aplicação no tecido subcutâneo, que não é a via correta. Portanto a técnica em Z é a mais apropriada para administração por via intramuscular. A prega, na via intramuscular, só em caso de pacientes muito magros ou idosos que tem pouco tecido muscular”, destacou Renata.
A especialista ainda explica que o uso do álcool também deve seguir algumas recomendações. A necessidade de limpar a pele com algodão embebido em álcool a 70% antes de vacinar é controversa. Algumas pesquisas demonstraram que não há essa necessidade. Caso o vacinador faça, deve ter o cuidado de esperar o álcool secar completamente antes de introduzir a agulha. E logo após a vacinação, deve-se fazer uma leve pressão no tecido utilizando o algodão e não esfregar, para não lesionar o tecido. Esses exemplos nos chamam atenção de como esse serviço deve ser realizado por profissionais capacitados. A regra na teoria é simples: conhecer bem a vacina e o paciente.
“Para o profissional da saúde é muito importante saber sobre a vacina que será administrada: saber o nome, a estabilidade, a data de validade, se a temperatura de armazenamento estava correta, se ela é para uma dose, ou múltiplas doses, saber também a técnica correta para o preparo e aplicação da vacina como também o local correto para a aplicação .
É importante sempre seguir as orientações do fabricante, por isso, o profissional deve ter essa bula e sempre ler a bula. Para as vacinas contra a Covid-19 em especial, como são mais de uma, é importante conhecer cada vacina e os intervalos entre a doses e também registrar corretamente. E conhecer bem o paciente, que significa saber a data de nascimento, se tem algum sintoma ou doença crônica, se tem alergias, quais medicamentos que faz uso, se é gestante ou está amamentando, qual é histórico vacinal ou se apresentou alguma reação anterior por alguma vacina”, finalizou a farmacêutica.
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