2021-07-14 12:04:46
Gustavo Alves aborda esta semana como é comum com o passar da idade o aumento dos medicamentos para tratar a constipação intestinal, com ou sem orientação médica/farmacêutica. A razões normalmente são atribuídas à dificuldades em evacuar com a normalidade e frequência desejada.
Estudos revelam que 26% dos homens idosos apresentam problemas de constipação intestinal e este percentual nas mulheres idosas chega a 34%.
Algumas questões fisiológicas comuns ao envelhecimento explicam essa situação tais como:
- Redução no consumo de alimentos contendo fibras;
- Redução da prática de atividades físicas;
- Fraqueza muscular nos movimentos peristálticos intestinais;
- Redução do reflexo de defecação;
- Problemas de deglutição (processamento inadequado da comida)
- Problemas de coluna que podem resultar na perda de eficácia da força de pressão abdominal;
- Baixo consumo de água.
Beber água é fundamental para o bom funcionamento do intestino! Salvo alguma restrição renal ou cardíaca que o idoso tenha, a ingestão frequente de água durante o dia é uma arma contra a constipação intestinal. As fezes devem conter aproximadamente 75% de água.
Além das questões orgânicas, fatores externos também podem favorecer a constipação intestinal na população idosa, com destaque para alguns medicamentos.
Certas classes terapêuticas de medicamentos interferem bastante no funcionamento do intestino, reduzindo a atividade deste importante orgão, tornando as fezes mais duras, podendo inclusive causar sangramento e hemorroidas.
Os medicamentos para dor contendo ópio (Morfina e derivados) são os maiores vilões, acompanhados dos antidepressivos tricíclicos e dos antiespasmódicos (medicamentos para cólica) e antiácidos.
Medicamentos para dor contendo Morfina e derivados: Sulfato de Morfina, Oxicodona, Buprenorfina, codeína.
Antidepressivos tricíclicos: Nortriptilina, Amitriptilina, Imipramina.
Antiespasmódicos: Escopolamina, Atropina.
Analgésicos: Naproxeno, Ibuprofeno, Ácido Acetil Salicílico, etc.
Antiácidos: Hidróxido de Alumínio, Carbonato de Cálcio.
Em casos onde há orientação médica, a necessidade do uso dos remédios acima deve ser respeitada e, a princípio, o paciente não deve parar de usar os medicamentos, entretanto em casos onde a constipação se torna frequente, limitando o paciente e interferindo em sua qualidade de vida, o médico deve ser sinalizado sobre a possível necessidade do uso de um laxante ou normalizador das funções intestinais, ou até mesmo a suspensão ou troca dos medicamentos em uso.
É importante lembrar que há doenças e/ou estados patológicos que podem causar constipação intestinal, como o Diabetes, Hipotireoidismo, Hipocalemia, Uremia, dentre outras.
A constipação intestinal em idosos pode ser tratada por meio da mudança de hábitos: alimentares, físicos, etc; e também pelo uso de laxantes, sendo os mais comuns as fibras contidas em medicamentos industrializados: Metamucil®, Planta Bem®, Biofiber®, Ágar-Ágar; os laxantes osmóticos: Lactulona, Glicerina; lubrificantes da parede do intestino: Óleo Mineral; Catárticos: Sene, Gutalax®; derivados antraquinônicos: Cáscara Sagrada, Fenolftaleína.
Mas atenção, não se deve fazer uso excessivo e exagerado dos laxantes, pois provocam um círculo vicioso onde o intestino só vai funcionar se houver uso destes produtos, e isso, salvo exceções, não é bom.
Na dúvida sobre medicamentos, procure sempre um farmacêutico.
Gustavo Alves Andrade dos Santos
Farmacêutico, Doutor em Biotecnologia
Coordenador do grupo de Cuidado farmacêutico ao Idoso do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo.
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