2021-07-28 13:04:03
Gustavo Alves traz nessa crônica como o uso exagerado de omeprazol pode fazer mal para saúde dos idosos.
O uso de antiácidos sempre foi uma prática comum entre as pessoas em geral, independentemente da idade, mas especificamente entre os idosos este hábito tem produzido alguns problemas.
Até o início dos anos 2000, os antiácidos mais utilizados eram aqueles à base de Hidróxido de Alumínio, Magnésio ou Magaldrato, substâncias com ação local e neutralizantes de acidez no estômago. Entretanto, muitos avanços aconteceram, culminando com a chegada dos inibidores de bomba de prótons: Omeprazol, Pantoprazol, dentre outros; sem dúvida alguma medicamentos com excelentes resultados, superando outras drogas já existes (Ranitidina, Cimetidina, etc.)
O Omeprazol, desde que usado de forma racional, com apenas uma dose pela manhã, em jejum, traz resultados muito satisfatórios no tratamento de gastrites, úlceras gástricas e duodenais, esofagites erosivas, refluxos gastroesofágicos e distúrbios hipersecretores.
Entretanto tem se observado um uso exagerado, muitas vezes sem a devida indicação, movido pela automedicação ou modismo, trazendo uma série de reações adversas, que nos idosos, tendem a ser ainda mais graves.
Nas pessoas idosas, o uso prolongado de Omeprazol, Pantoprazol e demais inibidores de bomba de prótons pode produzir os seguintes problemas:
- Hipergastrinemia
- Hipocloridria
- Má absorção de Vitamina B12
- Má absorção de Cálcio
- Má absorção de Magnésio
- Má absorção de Ferro
Os riscos associados aos problemas acima citados são: anemia, pneumonia e infecções entéricas. Algumas outras reações adversas, embora não tão comuns, são relatadas: diarréia, náuseas, dor abdominal, prisão de ventre e flatulência, podendo ocasionar ainda, dores de cabeça (cefaleias), miopatia aguda, artralgias e exantemas cutâneos.
Diversos trabalhos demonstram que o uso prolongado do Omeprazol pode levar também a alteração do metabolismo ósseo, propiciando o risco de fraturas, pela inibição da bomba de prótons dos osteoclastos. As consequências: aumento do risco de osteoporose, osteopenia e fraturas ósseas (quadril, punho e coluna). É importante lembrar que os idosos, pela própria questão do envelhecimento fisiológico, apresentam fragilidade óssea e muscular, portanto o uso prolongado e não indicado de Omeprazol, aumentaria ainda mais esse risco.
Sobre o déficit de vitamina B12 em idosos ocasionado pelo uso prolongado de Omeprazol, pode ocorrer declínio cognitivo leve, uma alteração importante da cognição, muito semelhante aos sintomas iniciais da Doença de Alzheimer, levando a lapsos de memória, dentre outros problemas.
Em suma, o Omeprazol é reconhecidamente muito eficaz, com ações terapêuticas muito importantes, mas se utilizado em excesso, por muito tempo, e principalmente pelos idosos, trará inevitavelmente reações adversas muito desagradáveis, além de perigosas.
A importância da Atenção Farmacêutica no uso de Omeprazol por idosos é muito grande, com resultados facilmente observados para a qualidade de vida e resultados terapêuticos. O Farmacêutico dispensa conforme a prescrição médica e orienta sobre uso correto, horário, tempo de tratamento, jejum, interações com outros medicamentos e as reações adversas mais comuns. Ainda assim, pode notar correções na prescrição e discutir com o médico possíveis melhorias sempre buscando benefícios para o paciente, neste caso, o idoso.
Gustavo Alves Andrade dos Santos
Farmacêutico, Doutor em Biotecnologia
Coordenador do grupo de Cuidado farmacêutico ao Idoso do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo.
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