2021-08-04 11:37:16
Uma nova classe de medicamentos está revolucionando a vida de pacientes com tumores muito avançados e resistentes a diversos tratamentos de câncer. De acordo com o Uol, essa nova classe são os chamados “anticorpos conjugados à droga” (antibody drug conjugated), que estão promovendo resultados promissores no combate a diversos tumores.
Segundo as maiores autoridades mundiais na área, essa nova classe de medicamentos terá uma ação ainda mais ampla e poderosa que as imunoterapias atuais, pois esses anticorpos conjugados têm um mecanismo de ação único. Ao ser administrado no ser humano ele é capaz de atingir certas células tumorais, pela ligação a um receptor superexpresso no tumor. Ou seja, não atinge tecidos normais.
Após esta ligação, ele libera um agente letal somente dentro da célula tumoral. Dessa forma, além de promover grande eficácia com elevadas taxas de resposta, seu perfil de efeitos colaterais é menor, pois ele não atinge as células saudáveis em grande concentração. Devido a essa característica, os anticorpos conjugados à droga são chamados popularmente de ‘cavalo de Troia’.
Nova classe de medicamentos ganha aprovação da FDA
Em vista da eficácia dessa nova classe de medicamentos, a FDA (Food and Drug Administration, sigla em inglês) já aprovou 11 novas medicações para tratar diversos tipos de tumores, inclusive os mais comuns, como o de câncer de mama.
No tratamento do chamado ‘câncer de mama triplo-negativo’ está sendo usado um anticorpo conjugado à droga chamado sacituzumabe govitecan. Ele age ligando-se ao receptor do tumor, o Trop 2, e libera um quimioterápico muito tóxico ao tumor, o SN-38.
No estudo que levou à aprovação desta substância pela FDA, 108 pacientes com esse câncer de mama que receberam pelo menos dois tratamentos anteriores para doença metastática, e cujo prognóstico era sombrio, apresentaram taxa de resposta de 33%.
Esse mesmo medicamento já está sendo avaliado para combater tumores de pulmão, pâncreas e próstata.
Outra aprovação da FDA é o loncastuximab tesirine-lpyl, que é voltado para o tratamento de pacientes com diagnóstico de linfoma B de grandes células, que não tiveram sucesso em tratamentos anteriores e cujas opções eram muito limitadas. Neste estudo, que incluiu 145 pacientes, a taxa de reposta foi de 48%, sendo que 24% dos deles tiveram desaparecimento completo das lesões tumorais.
Atuação do farmacêutico em oncologia
Em vista de tantos tratamentos inovadores em oncologia, cabe enfatizar a importância da atuação do farmacêutico especializado nessa área, afinal, como destaca o professor da Pós-graduação em Farmácia Hospitalar e Clínica do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Nelson Belarmino, este profissional pode atuar em diferentes áreas em hospitais públicos, privados e filantrópicos.
Entre suas atribuições, esse profissional deve ser multidisciplinar. Ele é responsável por normatizar, desenvolver ou instaurar procedimentos de recebimento, armazenamento, conservação e transporte de insumos farmacêuticos e medicamentos; entre outras diversas responsabilidades no tratamento direto dos pacientes oncológicos, conforme explica Belarmino:
“Atuar em oncologia é algo fascinante. E quando essa atuação é unida à pesquisa, o casamento é perfeito. Trabalhar com oncologia é ter a certeza de que você está ali para dar o melhor de si. É saber escutar e resolver ao máximo a situação do seu paciente. Enfim, atuar em oncologia é se envolver com seus pacientes e, junto deles, lutar para que uma melhor qualidade de vida seja alcançada”.