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Por Que muitos idosos tomam ácido acetilsalicílico todos os dias?

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2022-01-08 16:13:48

 

Gustavo Alves, em sua crônica, explica a razão e ainda fala de outros medicamentos de marcas conhecidas, como a Aspirana, AAS, Melhoral, com benefícios e cuidados.

 

Podemos dizer que o surgimento da Aspirina significou uma revolução para a indústria farmacêutica, isso muito antes da Penicilina de Alexander Fleming.

Aspirina, AAS, Melhoral, são marcas de medicamentos muito conhecidas. Aliás a Aspirina, do laboratório alemão Bayer, foi um dos primeiros medicamentos a ser produzido em escala industrial no mundo, isso desde 1899.

O uso do AAS traz benefícios terapêuticos importantes no que se refere a analgesia, ação antitérmica e antiinflamatória, podendo ser usado por todas as idades, obviamente com doses adequadas e desde que não haja nenhuma contra indicação.

No final da década de 1960, alguns trabalhos científicos demonstraram a ação do AAS como capaz de inibir a agregação plaquetária, isto é, reduzir o risco da formação de placas, trombos.

Isso acontece porque o AAS, em seu mecanismo de ação, inibe as enzimas COX (Cox-1 e Cox-2) e como consequência diminui a produção de prostaglandinas, diretamente relacionadas com inflamação, dor e febre. Ocorre que o AAS também bloqueia o tromboxano A2, produzido nas plaquetas, daí seu uso em pessoas com riscos cardiovasculares.

Chamamos isso de “Off Label”, quando um remédio traz efeitos terapêuticos totalmente diferentes de sua ação principal. Você sabia, por exemplo, que o Viagra pode ser usado em recém nascidos, para tratamento de hipertensão pulmonar? Mas esse é assunto para outro dia…

Os efeitos do AAS começam a acontecer de forma rápida, cerca de 20 minutos após ser ingerido, podendo durar até 6 horas, e a dose recomendada é de 75 a 100 mg por dia. Esta dosagem foi estabelecida levando em consideração a efetividade na redução de desfechos cardiovasculares e menor proporção de efeitos adversos.

Nas situações demonstradas abaixo, doses mais altas de AAS podem ser consideradas:

  • 300 mg/dia para acidente isquêmico transitório, por cerca de 7 dias ou até avaliação por um especialista.
  • 75-300 mg/dia para fibrilação atrial paroxística ou persistente (dependendo do risco de tromboembolismo e se a Varfarina for contraindicada).
  • Após cirurgia de revascularização miocárdica.

O AAS só deve ser usado em pacientes com riscos cardiovasculares, se for prescrito por um médico, portanto não se deve tomar AAS sem que haja uma ordem médica!

Quem faz uso de AAS deve estar atento a algumas recomendações:
  • Se for fazer alguma cirurgia, interrompa o uso, pois o AAS pode potencializar o sangramento.
  • O uso frequente de AAS pode trazer risco de gastrite e úlceras estomacais.
  • O uso frequente de AAS pode produzir alterações no sistema nervoso central como zumbidos, dores de cabeça, alterações da visão.
  • Pessoas com Asma devem discutir o uso do AAS com o médico.
  • Pessoas com insuficiência renal e/ou hepática devem discutir o uso de AAS com o médico.
  • Pessoas em tratamento com Metotrexato em doses superiores a 15 mg por semana devem evitar o uso de AAS.
  • Quem faz uso de anticoagulantes deve discutir o uso de AAS com o médico.
  • O melhor horário para tomar o AAS é logo após o almoço e sempre com um copo de água cheio.

 

Lembre-se:

  • AAS não “afina o sangue”, AAS é um medicamento e como tal, pode trazer riscos e benefícios.
  • Não se automedique e na dúvida sobre medicamentos, procure sempre um farmacêutico.

Gustavo Alves Andrade dos Santos

Farmacêutico, Doutor em Biotecnologia

Coordenador do grupo de Cuidado farmacêutico ao Idoso do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo.

Twitter: @gustavofarmacia

Instagram: @gusfarma   Email: gusfarma@hotmail.com