2022-03-24 13:20:31
Após mais de duas décadas, investidores do Chile voltam a lançar olhares para o varejo farmacêutico brasileiro. Informações de bastidores dão conta de que a Salcobrand, uma das três maiores redes de farmácias locais, estaria preparando um novo desembarque em território nacional.
Foto: Panorama Farmacêutico
Fontes ouvidas pelo Panorama Farmacêutico relatam que o foco da varejista seriam as Farmácias Nissei (PR) – uma das oito principais redes do setor no Brasil, de acordo com a Abrafarma. Entre as motivações estariam a maior proximidade geográfica do Chile com a Região Sul e o conhecimento das características do mercado paranaense – que já foi alvo da cobiça de uma companhia local no ano 2000 (ver informações mais abaixo).
No entanto, analistas especulam que o plano B poderia ser alguma rede regional do Nordeste, disposta a ganhar fôlego financeiro para expandir atuação rumo a outros estados.
A Salcobrand tem faturamento anual estimado em US$ 1 bilhão e reúne mais de 500 lojas físicas. A Juan Yarur S/A detém 70% do controle acionário. A holding administra marcas como a Química Industrial S.A, um dos mais importantes grupos têxteis da América Latina; o banco BCI e a Automotora del Pacífico, representante da Ford para o Chile.
A decisão atende a uma estratégia de internacionalização dos negócios do grupo, depois do falecimento do sócio-fundador Juan Carlos Yarur Rey, em janeiro deste ano.
Nova tentativa chilena após fracasso
Essa não seria a primeira incursão de uma rede de farmácias chilena no mercado brasileiro. Há 22 anos, a Ahumada adquiriu 77% do controle da Drogamed – na época uma das líderes do varejo paranaense e que se tornava a primeira companhia aberta do canal farma brasileiro.
O aporte foi de US$ 25 milhões e fazia parte de uma meta ambiciosa do grupo estrangeiro de atuar em todo o continente latino-americano. Tanto que, em 2002, foi a vez de os chilenos anunciarem a compra da mexicana Farmácias Benavides, com mais de 1 mil lojas.
Mas o projeto naufragou em 2006. Operando no vermelho desde a incorporação da Drogamed, a rede se desfez do negócio com prejuízo operacional calculado em US$ 9 milhões. Dois anos depois, a rede paranaense teve sua falência decretada e suas cerca de 70 unidades foram compradas pela família Maeoka, proprietária da Nissei. No ano de 2015, em meio a dívidas, a Ahumada foi vendida para a Walgreens Boots Alliance.