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Novo piso salarial dos farmacêuticos pode ter impacto relevante no setor, mas aprovação completa é improvável

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Impacto negativo médio seria de cerca de 25% no Ebitda, com implicações relevantes no cenário competitivo, mas medida não está na mira do governo

 

Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei (PL) que visa aumentar a base salarial dos farmacêuticos para R$ 6,5 mil ao mês contra média atual de aproximadamente R$ 3,5 mil por mês.

Se aprovado, a XP estima que o PL possa ter um impacto negativo médio de 25% no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) das farmácias, além de acelerar a consolidação do setor. No entanto, a instituição financeira enxerga sua aprovação como improvável, dado que, segundo sua equipe de análise política, o tema não parece ser uma prioridade do governo neste momento.

A proposta ainda precisa ser discutida nas comissões específicas da Câmara (constitucional, de trabalho e serviços públicos, etc.) e aguarda aprovação de senadores e do presidente Jair Bolsonaro. Inicialmente, o projeto de lei era focado nos enfermeiros, mas os farmacêuticos foram incluídos de última hora.

Analistas do Itaú BBA compartilham da mesma visão da XP, uma vez que o Congresso está em recesso, então a emenda não será votada por pelo menos mais um mês. “Mesmo depois disso, não está claro se os tema será votado em sua totalidade.”

Nesse sentido, a equipe de análise do BBA avalia como baixa a probabilidade de aprovação do novo piso salarial para farmacêuticos.

Impacto no setor

O salário que está sendo discutido como mínimo para a categoria está acima da média que atualmente é pago pelas empresas cobertas pelo BBA (de 40% a 50% acima). Atualmente, segundo BBA, os salários dos farmacêuticos representam cerca de 3% a 5% das vendas das lojas das empresas, mas se essa mudança se concretizar, levará a um aumento significativo na linha de despesas gerais e administrativas, provavelmente pressionando os níveis de rentabilidade no curto prazo.

A perda de rentabilidade estimada pela XP, deve ser de 25% do Ebitda das farmacêuticas, assumindo que não haja repasse de preços aos consumidores, embora as companhias observem que isso seria necessário se o PL fosse aprovado.

Dito isso, o impacto atingiria desproporcionalmente os players menores do que os nomes de capital aberto. Isso enfraqueceria a concorrência e provavelmente levaria a uma maior concentração de participação de mercado nas mãos dos maiores players da indústria, avaliam os analistas.

Segundo BBA, a maioria dos produtos está sendo vendida bem abaixo de seus limites de preço regulatório, o que significa que um piso salarial mais alto provavelmente impulsionaria os preços dos medicamentos para cima ao longo do tempo.

Por fim, a equipe de análise política da XP ressalta que o projeto de lei destina-se apenas ao setor privado e, portanto, criaria possivelmente uma distorção entre os setores privado e público, além de não ser uma prioridade para o governo. Dessa forma, a XP continua vendo as farmácias como um segmento resiliente em meio ao cenário macro desafiador e reitera recomendação de compra para Panvel (PNVL3) e Pague Menos (PGMN3) e neutra para RD (RADL3) e d1000 (DMVF3).

Fonte: Infomoney