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O que precisamos saber sobre MonkeyPox?

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No popular é chamado de varíola do macaco. Trata-se de uma doença causada pelo vírus Monkeypox do gênero Orthopoxvirus e foi inicialmente descrita em 1958, portanto há muito tempo atrás.

Para se ter uma ideia, o Ebola, outro vírus muito preocupante, foi identificado em 1976, também na África.

A MonkeyPox é mais uma doença zoonótica viral, ou seja, novamente a interferência do homem contribui para o surgimento de um grave problema de saúde e isto acontece devido ao rompimento ou salto entre as espécies, neste caso, humana e animal. Os danos provocados pelo homem na natureza são uma das principais causas para as doenças zoonóticas.

A MonkeyPox foi originada na África Ocidental e na Bacia do Congo afetando inicialmente os animais (macacos) de cativeiro. Em 1970 ocorreu o primeiro caso identificado em humanos e durante o período 1981 a 1986 foram alguns surtos importantes, mas todos na África.

O problema aumentou quando ela foi trazida para os Estados Unidos em 2003, graças a importação de roedores, os cães de pradaria. Foi controlada, mas voltou a ter surtos na Nigéria em 2017 e agora infelizmente voltou de forma preocupante.

Acredita-se que o surto atual tenha entrado na Europa após disseminação em festas no norte da África e depois na Espanha.

No Brasil, o primeiro caso foi em 9 de junho de 2022 e no final de julho já eram quase 1000 casos, a maioria em São Paulo.

A MonkeyPox vem se espalhando rapidamente devido a algumas razões: a série de mutações do vírus, ao contato sexual, aos fatores ligados à globalização (as pessoas se movem de um local ao outro muito rapidamente) e também pelas subnotificações.

 

Um simples abraço, beijo ou contato de pele é suficiente, daí a preocupação com a transmissão sexual, já que mesmo com preservativo a doença tem possibilidade de ser transmitida. Não nos esqueçamos das toalhas, roupas de cama e locais “tocados” pelas pessoas, além das gotículas expelidas quando falamos, tossimos ou espirramos.

 

O período de incubação é tipicamente de 6 a 16 dias, podendo variar de 5 a 21 dias.

Os sintomas principais são as erupções cutâneas, feridas que costumam coçar e doer. Pode haver febre, dores musculares.

 

O padrão das feridas vem mudando, pois lá no começo, quando surgiu, eram as feridas semelhantes à varíola, em todo o corpo. Mas agora os casos têm apresentado feridas nas regiões genitais, no reto, perto da boca e até na garganta.

Acho muito importante destacar que dos 528 casos relatados entre 27 de abril de 2022 e 24 de junho de 2022 em 16 países:

  • 95% tinham suspeita de transmissão por meio da atividade sexual.
  • 41% tinham HIV
  • 98% eram gays ou bissexuais

 

Obviamente que as informações acima são fruto de dados epidemiológicos, não nos permitindo fazer nenhum tipo de afirmação ou conclusão quanto a grupos de risco.

O diagnóstico mais assertivo é por meio de PCR, já que as feridas se assemelham a outras doenças, como herpes, impetigo, etc.

Não há tratamento específico, somente sintomático e pessoas que já tomaram, no passado, vacina contra a varíola, estão mais protegidas, com chances reduzidas de contaminação. Ainda assim não estão 100% livres de se contaminarem.

Existem tratamentos em estudo, especificamente 3 drogas sendo avaliadas.

A Ciência novamente responde com força a mais esta doença, mas ainda não sabemos quanto tempo pode demorar o desenvolvimento de uma vacina e o início de seu uso.

Enquanto isso o que nos resta é a proteção e evitar a exposição aos riscos!


Gustavo Alves Andrade dos Santos
Farmacêutico, Doutor em Biotecnologia
Professor da Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic
Coordenador do grupo de Cuidado farmacêutico ao Idoso do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo.
Twitter: @gustavofarmacia
Instagram: @gusfarma   Email: gusfarma@hotmail.com
Fonte: Gustavo Alves
Foto: Arquivo