Hoje, 21 de setembro, comemora-se o Dia Internacional do Alzheimer, uma data importante, acima de tudo e principalmente, pelo impacto sanitário causado por esta demência em todos os países do mundo.
A Doença de Alzheimer não escolhe classe social, raça, cor ou religião, embora existam questões que podem tornar o idoso mais ou menos suscetível a ela.
Recentemente a Alzheimer Association, entidade que reúne os mais importantes pesquisadores do mundo neste tipo de demência, realizou um encontro em Bonita Springs, Estados Unidos, no qual estive presente e onde tratamos das disparidades entre raças como fator de suscetibilidade para ter a doença.
Sabemos por exemplo, que a maior prevalência da Doença de Alzheimer tem ocorrido nos países de baixa renda. Questões como nível educacional, alimentação, acesso a melhores condições de saúde, prática de atividade físicas e entretenimento, e mesmo a poluição, têm exercido influência, contribuindo para o avanço da doença de Alzheimer, por exemplo, nos países latinos. Um tema constantemente citado é a “Reserva Cognitiva”: o que podemos fazer durante a nossa vida como forma de prevenção ou quem sabe blindagem contra as demências, tentando adiar o início dos sintomas.
Embora identificada em 1906 pelo neuropsiquiatra alemão Alois Alzheimer, a “doença peculiar dos neurônios do córtex central”, como foi inicialmente chamada, continua sendo um grande desafio para a ciência. A Doença de Alzheimer é a demência mais comum dentre todas as demências conhecidas. Trata-se de uma doença neurogenerativa, que causa a morte de neurônios em regiões bastante especificas do cérebro. Manifesta-se principalmente após os 60 anos de idade, e conforme a idade aumenta as chances de ter a doença também serão maiores. Após os 80 anos a possibilidade de desenvolver doença de Alzheimer chega a 50%.
Estima-se que no Brasil, tenhamos 2 milhões de brasileiros com Alzheimer, e no mundo já são cerca de 36 milhões de pessoas, mas este número pode ser ainda maior, pois existem muitos casos não confirmados!
O diagnóstico é muito complexo, só deve ser feito por um médico especialista, geralmente o geriatra ou neurologista, e inclui exames de comportamento, sangue e/ou liquor e imagem (ressonância magnética). O grupo de pesquisa que lidero na Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto avalia o diagnóstico de Alzheimer pela saliva!
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Não há cura para a demência de Alzheimer, mas há tratamento, e quanto mais cedo for realizado, melhor! Existem medicamentos capazes de trazer excelentes resultados, além de atividades conhecidas como “não farmacológicas” que também contribuem para a qualidade de vida dos pacientes.
Além do médico, outros profissionais de saúde desempenham papel importante na atenção e tratamento de pacientes com Alzheimer. Dentre eles os fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, educadores físicos.
Estive há cerca de um mês atrás na Conferência Mundial de Alzheimer em San Diego, Estados Unidos, onde foi possível acompanhar os trabalhos e novidades sobre a demência de Alzheimer. Alguns avanços na terapêutica visam proporcionar maior assertividade e eficácia dos tratamentos. Trata-se de medicamentos em fase final de pesquisa clínica e que podem chegar ao mercado dentro de pouco tempo, embora nenhum deles com a capacidade de curar totalmente.
Ter Alzheimer não significa o fim da vida, precisamos eliminar o estigma desta doença e prover os equipamentos de saúde, privados e públicos, no sentido de aperfeiçoar ainda mais as suas estratégias de atenção e tratamento aos idosos com demência, neste caso, especificamente a demência de Alzheimer.
Quanto maior o avanço da Ciência e do conhecimento, mais ainda nossas esperanças são renovadas na busca de soluções!
Na dúvida sobre medicamentos, procure sempre um farmacêutico.