Depois de resultados abaixo do esperado na última Black Friday, as farmácias deixaram de lado a divulgação antecipada de promoções para reforçar as negociações com a indústria, em busca de ofertas mais atrativas.
Mais da metade dos participantes da última enquete (53%) mencionou essa opção como a principal estratégia para o evento deste ano, previsto para 25 de novembro. O índice é bem superior aos 26% que entendem que o foco deve estar no ajuste das ações de comunicação e marketing. Apenas 15% demonstram maior preocupação com a administração logística a fim de assegurar o estoque e 6% avaliam que a prioridade está na capacitação das equipes.
Um dado da NielsenIQ|Ebit ajuda a entender essa mudança de direção das farmácias. No ano passado, o número de pedidos de produtos na Black Friday caiu 9% em relação a 2020. “Essa data nasceu nos Estados Unidos mobilizando principalmente o varejo supermercadista e de eletro-eletrônicos, com a proposta de estimular a desova de estoque e viabilizar o reabastecimento. Claramente esse movimento perde força”, admite Sandro Benelli, com mais de 30 anos de experiência em consultoria para o varejo.
O especialista ainda recomenda não dispender tantos esforços em uma só data.
“Para o setor, é muito mais conveniente alinhar melhor seu calendário aos cronogramas de lançamentos da indústria farmacêutica. Datas ligadas à saúde e as próprias férias de verão são oportunidades para alavancar as vendas”,comenta. Temos de escolher as batalhas que vamos enfrentar, selecionando meses específicos para acelerar as vendas e os períodos seguintes para recuperar as margens”, conclui.
Redes de farmácias silenciam sobre a Black Friday
Procuramos algumas redes de farmácias em diferentes regiões do país, mas todas estão em compasso de espera e não revelam suas estratégias. A Soma Drogarias, no entanto, antecipa que fará a promoção em duas etapas. Em um primeiro momento, a administração central do grupo negociará produtos promocionais com as farmácias associadas à rede, em alinhamento com os fornecedores. Somente uma semana depois terá início a ação com o consumidor final.
Alerta para a logística na Black Friday
Leandro Oliveira, diretor de inovação e novos negócios da enter/Varejo, demonstrou apreensão com as conclusões da enquete, baseado na vivência em redes de varejo como Cencosud, DPSP e Lenovo. Para ele, a pandemia deflagrou uma crise na gestão do supply chain e escancarou problemas como a falta de medicamentos, realidade que impacta também as categorias de HPC.
“O maior trunfo para as farmácias na Black Friday é sempre o preço agressivo, mas os desafios extras para manter o estoque nesse cenário exigem um cuidado redobrado com a logística. Não vejo as farmácias olhando essa situação com carinho”, adverte.
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Foto: Freepik
Fonte: Panorama Farmacêutico