Pacientes que utilizam diferentes fármacos simultaneamente precisam redobrar a atenção com a interação medicamentosa.
O uso de diferentes tipos de medicamentos sem a adequada orientação farmacêutica e médica pode colocar em risco o tratamento e a saúde dos pacientes. Até 25% das reações adversas causadas pelo consumo simultâneo de diferentes fármacos têm relação com a utilização equivocada e as associações incorretas.
A saber, esse número pode ser até maior em grupos com deficiência física ou portadores de doenças crônicas.
“Os riscos da polimedicação e das interações medicamento-medicamento são altíssimos e, em muitos casos, levam as pessoas às emergências dos hospitais.”
Quem alerta são os professores Fernanda Bovo, pós-doutorada em Ciências Farmacêuticas, e Nelson Morini Júnior, doutor em Engenharia Biomédica.
Docentes dos cursos de Saúde do UniCuritiba, os dois coordenam o projeto de extensão “Polimedicação em pacientes cadeirantes: um olhar diferenciado para os grupos vulneráveis”, que tem a participação de mais de 40 estudantes de graduação das áreas de farmácia, fisioterapia, nutrição e biomedicina.
Desde março de 2021, eles fazem orientações na Associação Paranaense de Assistência a Paraplégicos. Até agora, cerca de 30 pessoas receberam informações para evitar os riscos da polimedicação. Sob a orientação dos professores, os estudantes pesquisaram os principais medicamentos utilizados pelo grupo atendido na instituição e repassaram informações sobre o uso correto.
O que é interação medicamentosa?
A interação medicamentosa, explica a doutora, ocorre quando o efeito de um medicamento é alterado devido ao uso concomitante de outro produto medicamentoso, podendo ser um remédio industrializado ou chás e plantas medicinais muito utilizadas pela população sem prescrição de profissionais capacitados.
Essa associação pode potencializar ou reduzir os resultados farmacológicos, alterando, nesses casos, a eficiência do tratamento.
“As reações associadas a medicamentos estão entre os principais motivos de danos evitáveis à saúde em todo o mundo”, alerta a especialista.
“Durante o trabalho realizado na Associação Paranaense de Assistência a Paraplégicos também fizemos um levantamento sobre as plantas medicinas usadas pelo grupo, com recomendações para a utilização racional desses princípios ativos”, complementa o professor Nelson.
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Conhecimento compartilhado
A aproximação do meio acadêmico com a comunidade e a troca de conhecimentos foram alguns dos objetivos do projeto de extensão.
“É gratificante poder aplicar os conhecimentos farmacológicos discutidos em sala de aula na promoção de saúde das populações vulneráveis”, diz a professora.
O trabalho já foi submetido e apresentado em congressos da área e na Semana da Saúde 2022 do UniCuritiba – instituição que faz parte da Ânima Educação, uma das maiores organizações educacionais de ensino superior do país.
Público vulnerável
O professor Nelson Morini Júnior explica que os cuidados com a polimedicação valem para todas as pessoas, mas os pacientes acamados, com doenças crônicas, idosos e deficientes físicos costumam necessitar de uma quantidade maior de medicamentos, por isso, o projeto do UniCuritiba voltou sua atenção a este público. “Esses pacientes costumam fazer uso de diversas medicações simultaneamente e, então, devem redobrar a atenção.”
Os principais cuidados de pacientes polimedicamentados envolvem as interações entre diferentes fármacos, o prazo de validade, o modo correto de tomar cada medicação e os horários adequados – geralmente longe de refeições, pois existem também medicamentos que interagem com alimentos. A orientação é tomar a medicação com pelo menos 250 ml de água.
“É importante questionar o médico, na hora da prescrição, e seguir as recomendações, doses e posologias. Um comprimido, por exemplo, não deve ser cortado para dividir a dose”, ensina Fernanda.
As formas de armazenamento também são importantes para a melhora terapêutica. As caixas de medicamentos não podem ficar expostas à luz ou à umidade. A automedicação é outro risco, assim como a troca de medicações. O ideal é não deixar as caixas ou frascos juntos, o que favorece confusões como tomar duas vezes o mesmo medicamento e deixar de tomar outro.
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Fonte: Guia da Farmácia