Em dois anos, o setor de remédios de alto custo prevê dobrar de tamanho no Brasil, com o volume de gastos saltando de US$ 20 bilhões para US$ 38,4 bilhões. O valor galgaria o país à sexta posição global, à frente de mercados mais maduros, como Canadá, Espanha, Índia, Itália, México e Reino Unido. E sete tendências prometem puxar o crescimento dessa categoria.
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Brasil no radar das multinacionais
O país atraiu em 2022 numerosos investimentos de farmacêuticas multinacionais, atentos ao progresso do envelhecimento populacional. Dados do IBGE apontam 32,9 milhões de brasileiros com mais de 60 anos, número equivalente a 15% da população. Há uma década esse índice era de 11%. A japonesa Daiichi Sankyo ingressou na divisão de oncologia, enquanto a biofarmacêutica suíça incrementou os aportes em seu laboratório de inovação na capital paulista. Já a Bristol-Myers Squibb criou uma gerência estratégica de contas para reforçar elos com pagadores institucionais e governos.
Os 15 países que mais gastam com remédios de alto custo
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Genéricos biossimilares
Na carona do aumento na venda de genéricos, a comercialização de biossimilares teve incremento de 21,55%, chegando 1,39 milhão de unidades vendidas entre novembro de 2021 e outubro de 2022. Esses medicamentos são utilizados para tratamento de mais de 50 patologias, envolvendo entre elas doenças autoimunes, diferentes tipos de câncer, doenças inflamatórias crônicas e raras, e já representam 8,25% do mercado total de medicamentos biológicos. “A implementação de uma política de acesso a essa categoria similar à dos genéricos pode representar um salto de qualidade nos tratamentos com biossimilares”, analisa Telma Salles, presidente executiva da PróGenéricos.
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Maior peso da iniciativa privada nos investimentos
A demanda de pacientes por acesso a tratamentos está maior do que a capacidade do mercado em absorver esse contingente, enquanto as despesas com saúde já representam 9,6% do PIB. Os pagadores privados, responsáveis por 55% desse montante segundo a Close-Up International, precisam assumir mais protagonismo. A julgar pelos últimos cinco anos, o Brasil vem assimilando essa lição, com aportes superiores a US$ 350 milhões em pesquisa de novos medicamentos. “Esse contexto implica desafios extras para toda a cadeia farmacêutica e expõe gargalos agravados pela complexidade logística”, comenta Paulo Maia, presidente executivo da ABRADIMEX.
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Distribuidoras com novo papel na cadeia de remédios de alto custo
A cadeia de remédios de alto custo tem a indústria farmacêutica cada vez mais dedicada à pesquisa e produção. Mas quem responderá por estimular a adesão aos tratamentos? “Ninguém acompanha toda a jornada desses medicamentos tão bem como as distribuidoras. Elas podem auxiliar os laboratórios no estabelecimento de elos diretos com os pacientes, no ambiente intra-hospitalar e também em iniciativas como o delivery e notificações sobre uso e horários de ingestão dos fármacos”, contextualiza Paulo Paiva, vice-presidente da Close-Up International.
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Tecnologias simples em favor da personalização
A tecnologia pode fazer a diferença no incentivo à adesão aos tratamentos. A Roche, por exemplo, investiu R$ 9 milhões em ferramentas de medicina personalizada. “Inovações como 5G, relógios inteligentes e a própria telessaúde podem reverter barreiras de acesso entre doentes crônicos. E o próprio varejo farmacêutico pode assumir uma função de micro-hub de suporte aos pacientes, integrando fabricantes, médicos e operadoras”, projeta Chao Wen, presidente da Associação Brasileira de Telemedicina e chefe dessa disciplina na Universidade de São Paulo.
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Nacionalização de medicamentos
“A crise na cadeia produtiva global escancarou a dependência brasileira de insumos e o hiato do Brasil em pesquisa e desenvolvimento, mesmo na inovação incremental”. O alerta é de Rita Ragazzi, sócia-diretora líder de Saúde e Ciências da Vida na KPMG, para quem a nacionalização de medicamentos é um caminho que precisa ser pavimentado. A Blanver, por exemplo, prevê investir mais de R$ 231 milhões em remédios com insumos e matérias-primas brasileiras, com foco no HIV e em outras infecções sexualmente transmissíveis.
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Cannabis em favor dos tratamentos de alta complexidade
A Anvisa já aprovou 25 produtos à base de cannabis no Brasil, mercado que atrai novos players e também fabricantes tradicionais, com potencial estimado em R$ 300 milhões. Esse movimento tende a acelerar regulamentações como a prevista no Projeto de Lei 309/2015 e abrir caminho para o aumento do total de prescritores. “Apesar de avanços na literatura científica a respeito do tema, menos de 1% dos profissionais com CRM ativo receitou essa alternativa de tratamento. Por outro lado, cerca de 45% de brasileiros convivem com doenças crônicas cujos sintomas associados poderiam ser aliviados por produtos canabinoides”, pondera Viviane Sedola, CEO e fundadora da Dr. Cannabis.
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Fonte: Panorama Farmacêutico