O Brasil segue na contramão nos gastos com medicamentos, mesmo movimentando mais de R$ 106 bilhões com vendas de remédios em farmácias no ano passado. O país é apenas o 32º colocado nesse quesito, embora esteja entre as dez maiores economias e os oito mercados farmacêuticos globais.
De acordo com indicadores da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cada brasileiro desembolsa, em média, US$ 123 (R$ 626 ao câmbio de 26 de janeiro) com medicamentos anualmente. O valor é bem distante do maior consumidor global – os Estados Unidos, com gasto per capita de US$ 1.229 (R$ 6.256).
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O país também destoa de mercados maduros como Alemanha (US$ 884), Canadá (US$ 879), França (US$ 671), Itália (US$ 624), Reino Unido (US$ 527) e Espanha (US$ 525). Mas somos superados até pelo México, cuja média por habitante chega a US$ 254, e por localidades como Luxemburgo, Estônia e Islândia.
Quem é quem no gasto com medicamentos no mundo (em US$)?
Razões para o mau desempenho nos gastos com medicamentos
Um relatório da Interfarma ajuda a entender esse cenário. Apesar de avanços no acesso, algumas distorções impedem a maior adesão ao tratamento e a consequente ampliação do gasto com medicamentos por habitante. Com base em dados dos últimos cinco anos, o acesso a tratamentos por meio de planos de saúde quase dobrou no período, com alta de 97%. Já as compras públicas de medicamentos aumentaram apenas 31%, embora 75% da população dependa totalmente do SUS.
Outra explicação pode estar relacionada à maior dependência das importações, principalmente de IFAs durante a Covid-19, que resultou em gargalos e maiores custos para a produção nacional – o que impacta no preço final dos medicamentos. “A pandemia mostrou que precisamos ter mais independência para a produção de medicamentos. Países como os Estados Unidos, o Reino Unido e a Coreia do Sul já tomaram medidas nesse sentido”, avalia o presidente-executivo do Grupo Farma Brasil, Reginaldo Arcuri