O farmacêutico deverá orientar os usuários de anti-hipertensivos quanto ao uso concomitante de plantas medicinais ou fitoterápicos em função das possíveis interações que poderão comprometer a segurança do paciente.
As plantas medicinais são muito úteis e se constituem, muitas vezes, em um único recurso da população, entretanto, necessitam de cuidado e orientação no uso correto porque apresentam interações medicamentosas.
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A porcentagem de idosos com alguma doença crônica não transmissível é de 76,30 e, desse total, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) contribui com 50,65%. Dentre as plantas medicinais utilizadas para o controle de HAS temos: Allium sativum L. (Alho), Alpinia zerumbet (Cardamomo), Citrus sp. (Laranja), Lippia alba (Melissa), Passiflora sp. (Maracujá) e Cymbopogon citratus (Capim-santo). O farmacêutico deverá orientar os usuários de medicamentos anti-hipertensivos (especialidades farmacêuticas ou preparações magistrais) quanto ao uso concomitante de plantas medicinais ou medicamentos fitoterápicos em função das possíveis interações que poderão comprometer a segurança do paciente. Portanto, a seguir serão abordadas as informações de importância na utilização dessas plantas com medicamento anti-hipertensivos.
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Alium sativum L. (Alho)
Mecanismo de ação:
Os compostos de enxofre apresentam atividade vasodilatadora in vitro mediada pela liberação de óxido nítrico e o uso do alho pode reduzir a expressão das isoformas CYP3A4, CYP3A5, CYP3A7, CYP2C9, CYP2C19 e CYP 2E1 e da Glicoproteína-P; pode aumentar a expressão de CYP2C9, CYP3A1 e CYP1A1.
Interação com anti-hipertensivos:
Interação sinérgica quando o alho é utilizado concomitantemente com um anti-hipertensivo da classe dos betabloqueadores, que atua reduzindo o débito cardíaco e reduzindo a secreção de renina e catecolaminas nas sinapses nervosas. Atua também na vasodilatação, aumentando a síntese endotelial e a liberação de óxido nítrico. Entretanto, não pode ser usado em combinação com anticoagulantes orais, heparina, trombolíticos, antiplaquetários e anti-inflamatórios não esteroidais, para aumentar o risco de sangramento. A sua associação com inibidores de protease pode reduzir as concentrações séricas dessa classe, aumentando o risco de resistência antirretroviral e falha do tratamento. Além disso, pode reduzir a eficácia da clorzoxazona induzindo seu metabolismo.
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Alpinia zerumbet (CoLônia / Falso Cardamomo):
Mecanismo de Ação:
O óleo essencial (terpinen-4-ol e 1,8 cineol) melhora a hemodinâmica cardiovascular. O terpineol atua bloqueando a entrada de cálcio nos canais. As catequinas atuam no músculo liso vascular. Os alcaloides têm ação diurética.
Interação com anti-hipertensivos:
Quando associado a medicamentos para hipertensão, pode causar hipotensão, pois aumenta o efeito anti-hipertensivo. As catequinas têm ação farmacológica semelhante ao mecanismo de ação dos anti-hipertensivos vasolíticos diretos e podem aumentar a ação do fármaco. O terpineol atua de forma semelhante aos anti-hipertensivos antagonistas do cálcio (verapamil, nifedipina, amlodipina, diltiazem): atuam impedindo a entrada de cálcio nas células e podem causar hipotensão aumentando o efeito anti-hipertensivo. As catequinas atuam com o mesmo mecanismo de ação dos vasodilatadores anti-hipertensivos diretos (hidralazina e minoxidil) e podem potencializar a ação dessas drogas.
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Citrus sp. (laranja):
Mecanismo de ação:
A hesperidina bloqueia os receptores beta-adrenérgicos (medicamentos que agem reduzindo o débito cardíaco), reduz a secreção de renina pelas células justaglomerulares (células granulares do rim) e tem ação central por diminuir a atividade simpática.
Interação com anti-hipertensivos:
Possíveis interações sinérgicas com drogas anti-hipertensivas betabloqueadoras (atenolol, bisaprolol, metoprolol, .propranolol, pindolol, .caverdilol, .nadaolol e labetalol). Com inibidores da ECA (benazepril, captopril, delapril, enalapril, fosinopril, lisinopril, perindopril, quinapril, ramipril e trandolapril).
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Lippia alba (Melissa):
Mecanismo de Ação:
O citronelol possui mecanismo de ação anti-hipertensivo semelhante aos vasodilatadores diretos (hidrazina, minoxidil, nitroprussiato) que atuam na musculatura da parede vascular, proporcionando relaxamento muscular, vasodilatação e diminuição da resistência vascular periférica.
Interação com anti-hipertensivos:
Potencializa a ação de vasodilatadores diretos.
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Passiflora sp. (Maracujá)
Mecanismo de ação:
As propriedades antioxidantes dos compostos fenólicos que melhoram a função endotelial e normalizam o tônus vascular, resultando em um efeito hipotensor.
Interação com anti-hipertensivos:
Potencializa os efeitos hipotensores de fármacos que possuem o mesmo mecanismo de ação.
O uso concomitante com cafeína, guaraná ou efedrina pode causar aumento da pressão arterial. Potencializa os efeitos dos fármacos da classe dos vasodilatadores diretos (hidralazina, minoxidil).
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Cymbopogon citratus (Capim-santo)
Mecanismo de ação:
Reduz a resistência vascular, o pque pode ser provocada por inibição do influxo de íons cálcio e ativação de receptores muscarínicos cardíacos que provocam a bradicardia.
Interações medicamentosas
Interações sinérgicas dos antagonistas dos canais de cálcio, associados ao uso da planta, porque o mecanismo pelo qual os constituientes da planta provocam hipotensão e são similares ao mecanismo de ação dos fármacos das classes da fenilalquilaminas, benzotiazepinas e diidropiridinas.
Esses medicamentos se ligam a subunidades alfa-1 dos canais de cálcio do tipo L e interagem entre si impedindo a abertura dos canais, diminuindo a entrada de cálcio e os efeitos no musculo liso a dilatação arterial generalizada, o que reduz a resistência arteriolar, reduzindo a pressão.
Observação: plantas medicinais que hipertensos devem prestar atenção
Glycyrrhiza glabra L. / Glycyrrhiza inflata Batalin / Glycyrrhiza uralensis Fisch ex DC. / Cyanara cardunculus L. / Paullinia cupana Kunth ex H.B.K. var. Sorbilis (Mart.) / Zingiber officinale Roscoe / Achillea millefolium L. / Allium sativum L./ Baccharis trimera (Less. DC.) / Bidens pilosa L. / Rosmarinus officinalis L. / Zea mays L. / Panax ginseng.
Fontes consultadas:
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Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Memento fitoterápico. Farmacopeia Brasileira. 1.ed. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2016.
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Nicoletti et al. Fitoterápicos – Principais Interações medicamentosas. 1.ed. São Paulo: Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais – Brasil. 2012. (e-book)
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Nicoletti et al. Principais interações no uso de medicamentos fitoterápicos. Infarma. 2007;19(1/2):32-39.
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