Após a decisão da Anvisa de proibir a comercialização de todas as marcas de pomadas modeladoras, a autarquia realizou uma reunião técnica com os fabricantes dos produtos para informar o andamento das investigações.
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Segundo reportagem do Mundo Negro, as sócias do Ras, salão de luxo especializado em tranças afro, Caroline Pinto e Taynara Alves também foram convidadas para participar do encontro online e ficaram horrorizadas com a postura racista por parte de algumas empresas, culpando o tipo de cabelo da cliente e o trabalho do profissional trancista pelos casos de cegueira.
Em prints feitos no chat da reunião, é possível ver comentários de alguns fabricantes que começaram a relacionar as reações adversas ao modo como pessoas de cabelo crespo e trancitas usavam seus produtos.
Segundo Caroline, as falas racistas surgiram desde o começo da reunião, durante a apresentação da Anvisa sobre os levantamentos que ela tinha até aquele momento. “Em diversos momentos ocorreram citações de que esse problema só ocorre em tranças e cabelos “afros”, o que não é uma verdade. Assim também, como não ocorre só em mulheres, como os fabricantes de pomada modeladora masculina tentaram alegar”, conta.
A empresária relatou que a mesmo após os inúmeros comentários racistas a Anvisa não se manifestou nem repreendeu em nenhum momento todos os comentários.
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Proibição de pomadas é temporária
A apresentação realizada pela Anvisa mostrou que uma investigação feita no Rio de Janeiro identificou 685 casos confirmados de intoxicação exógena (causada por fatores externos, ou seja, que têm origem fora do organismo) temporalmente relacionados à utilização de cosméticos para modelar/trançar cabelos.
Consumidores de todo o país vêm relatando casos de cegueira temporária após utilizarem as pomadas para cabelo. As queixas incluem ainda forte ardência nos olhos, coceira, lacrimejamento intenso, vermelhidão, inchaço ocular e dor de cabeça. Os eventos ocorrem principalmente entre pessoas que tomaram de banhos de mar, piscina ou de chuva.
A proibição vale para todas as pomadas para trançar, modelar ou fixar cabelos, produzidas por fabricantes brasileiros ou importadas do Exterior. Farmácias não podem distribuir ou comercializar qualquer uma dessas pomadas aos seus consumidores ou mesmo a salões de beleza. Segundo comunicado oficial da agência, a decisão é preventiva e temporária.