Os medicamentos em falta voltam a ser uma grande dor de cabeça para os pacientes que fazem tratamento com remédios de alto custo. Durante o último mês de dezembro, o desabastecimento afetou ao menos 48 fármacos. As informações são do Biored Brasil.
Quem aponta a ausência desses itens nas farmácias de alto custo é o Movimento Medicamento no Tempo Certo. Segundo eles, mais de 5,3 mil pacientes relataram dificuldade para acessar seus tratamentos no período.
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Do montante total, 26 medicamentos são de responsabilidade da esfera Federal e os 22 restantes, da esfera estadual. E o problema não para por aí.
Medicamentos em falta há mais de dois meses
O movimento afirma também que a falta de medicamentos não foi um problema exclusivo de dezembro. Segundo 28,6% dos pacientes que relataram dificuldade para conseguir os remédios, esse desabastecimento já dura mais de 61 dias.
Uma das pacientes afetadas, portadora de artrite reumatoide e que realiza o tratamento com o Upadacitinibe (Rinvoq, da AbbVie), relatou que, sem a droga, não consegue sequer caminhar.
A coordenadora da Biored Brasil e Conselheira Nacional de Saúde, Priscila Torres, vai mais longe e afirma que os prejuízos não se restringem à saúde e qualidade de vida do paciente.
“Com a doença em atividade, há aumento no número de internações, procedimentos e afastamentos do trabalho. Um problema que não só atinge os pacientes e suas famílias, mas a sociedade como um todo”, aponta.
Atrite reumatoide é doença mais afetada
Segundo balanço do movimento, os pacientes com artrite reumatoide são os que mais têm sofrido com medicamentos em falta. Outras patologias que estão sendo afetadas são:
- Artrite idiopática juvenil
- Artrite psoriásica
- Doença de Crohn
- Esclerose sistêmica
- Espondilite anquilosante
- Hidradenite supurativa
- Lúpus
- Psoríase
- Retocolite ulcerativa
Dentre os medicamentos de responsabilidade do Ministério da Saúde, o mais citado foi o Adalimumabe, com mais de 500 reclamações; e entre aqueles de responsabilidade das Secretarias Estaduais, o Azatioprina, com 280.
Medicamentos em falta
Desabastecimento não é exclusividade do Brasil
Outro medicamento que pode ficar em falta em breve é o Zepbound, cujo abastecimento está ameaçado. E a razão não poderia ser mais irônica: o grande sucesso do remédio.
As prescrições chegaram ao nível de 25 mil semanais no último mês de dezembro. O anúncio ambíguo foi feito na segunda-feira passada, dia 8, por David Ricks, presidente-executivo da farmacêutica, durante a conferência anual de saúde do JP Morgan, realizada na Califórnia (EUA).
Também de acordo com o executivo, o laboratório “trabalhará duro” para seguir atendendo os pacientes, mesmo com uma procura cada vez maior.