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Por que o Ozempic é tão caro? Números mostram que está cada vez mais difícil para Novo Nordisk justificar seu preço

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Faturamento com medicamento e com seu similar Wegovy deve chegar a US$ 65 bi até o fim deste ano, quase o mesmo valor investido pela farmacêutica em pesquisas nas últimas três décadas
 

O faturamento da farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk com o Ozempic e o Wegovy é tão alto que as vendas dos dois medicamentos logo ultrapassarão todo o orçamento de pesquisa da empresa nas últimas três décadas, mostram dados compilados pela Bloomberg.

Assim, ficará mais difícil para a empresa usar seu principal argumento para manter preços tão altos – o de que é preciso financiar as pesquisas e a inovação.

 

Por que o Ozempic é tão caro? Números mostram que está cada vez mais difícil para Novo Nordisk justificar seu preço

 

A receita com o Ozempic e o Wegovy já somam quase US$ 50 bilhões até o segundo trimestre e devem atingir US$ 65 bilhões até o final deste ano, de acordo com uma análise da Bloomberg com base nos comunicados da empresa ao mercado financeiro.

Ou seja, é uma soma quase igual aos US$ 68 bilhões gastos com pesquisa e desenvolvimento pela empresa desde meados da década de 1990, quando a Novo Nordisk começou a se dedicar com mais afinco a esse tipo de medicamento.

O CEO da farmacêutica, Lars Fruergaard Jorgensen, vai comparecer à audiência no Congresso dos EUA nesta terça-feira. A sessão, a ser liderada pelo senador democrata Berni Sanders, tem por objetivo justamente detalhar os motivos para os preços tão altos dos dois medicamentos para diabetes que têm sido usados para perda de peso.

A empresa enfrenta uma pressão crescente das autoridades para reduzir os preços desses remédios, diante de um aumento vertiginoso da demanda. Nos EUA, muitos pacientes não têm cobertura do plano de saúde para a compra de Ozempic e Wegovy.

A indústria farmacêutica há muito argumenta que precisa de grandes lucros com medicamentos bem-sucedidos para compensar o custo de muitos tratamentos experimentais que falham durante os testes. Os cálculos da Bloomberg sugerem que esse argumento está perdendo força no caso desses medicamentos mais populares da Novo Nordisk.

A empresa contesta essa alegação. Alega que gastou mais de US$ 10 bilhões desenvolvendo o Ozempic e medicamentos similares ao longo de três décadas, e que seu investimento em medicamentos para obesidade só se tornou lucrativo nos últimos dois anos. A Novo Nordisk também reservou mais de US$ 30 bilhões para expandir sua capacidade de fabricação desde o início do ano passado.

 

Leia também: Ozempic e Wegovy podem passar a ser vendidos apenas com retenção de receita

 

O Ozempic foi aprovado nos EUA no final de 2017 para diabetes, mas seu efeito poderoso na perda de peso elevou seu uso significativamente. O Wegovy, o mesmo medicamento em uma dosagem ligeiramente maior, foi aprovado em 2021 para tratar obesidade. Ele tem um custo de tabela de US$ 1.349,02 por mês.

Sanders disse na semana passada que o Ozempic poderia ser produzido de forma lucrativa por menos de US$ 100 por mês, com base em suas conversas com fabricantes de medicamentos genéricos, muito menos do que o preço de tabela do Ozempic, de US$ 968,52. Um estudo sugeriu que o medicamento poderia até ser feito por menos de US$ 5 por mês.

É raro que medicamentos direcionados a uma ampla parcela da população tenham preços de tabela tão altos. A pílula de colesterol Lipitor da Pfizer, por anos o medicamento mais vendido no mundo, custava cerca de US$ 150 por mês pouco antes de perder a proteção de patente em 2011, o equivalente a cerca de US$ 215 hoje, de acordo com dados de preços da 3 Axis Advisors.

Mas os medicamentos da Novo Nordisk — juntamente com outros similares feitos pela Eli Lilly — têm o potencial de transformar o tratamento da obesidade e prevenir inúmeras complicações relacionadas ao excesso de peso. Mais de 40% dos adultos nos EUA têm obesidade, mas apenas uma pequena parcela deles está tomando os medicamentos, em parte devido às restrições de cobertura pelos planos de saúde e aos custos elevados dessas drogas.

 

Fonte: Brasilia Agora
Foto: Reprodução