Está próxima do fim a era dos medicamentos blockbusters. Quem afirma é presidente-executivo do Grupo FarmaBrasil, Reginaldo Arcuri, em artigo publicado no Poder 360.
Na opinião do especialista, mudanças ocorridas no mercado farmacêutico nos últimos 20 anos tornaram a estratégia de focar em um único remédio de sucesso insustentável. “Em um país em que a saúde é um direito fundamental, disposto na Constituição, a transição da exclusividade para a competição de mercado é fundamental”, aponta.
Genéricos tomaram protagonismo dos medicamentos blockbusters
Falando de Brasil, uma das grandes responsáveis por essa correção de rota foi a Lei de Genéricos. Publicado em 1999, o texto prevê que os medicamentos dessa categoria devem ser ao menos 35% mais baratos do que os de referência.
Além deles, o advento dos similares, que não possuem um patamar mínimo de barateamento, também “mordeu” uma fatia do mercado que pertencia aos medicamentos originadores. Segundo dados do anuário da Cmed de 2023, genéricos e similares já são cerca de 70% dos remédios comercializados.
Internacionalmente, esse movimento tem se provado um motor para a democratização no acesso a tratamentos. Segundo a OMS, os países de baixa ou média renda conseguem reduzir em até 90% os custos com esses produtos.
Equilíbrio é uma necessidade
Arcuri também destaca que, apesar de os medicamentos blockbusters não serem mais a bola da vez, a inovação não pode ser descartada pelo mercado farmacêutico. “Precisamos assegurar que a inovação continue a salvar vidas, mas que, uma vez expirada a patente, os tratamentos sejam distribuídos de forma equitativa”, completa.