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Farmacêuticos continuam alertando sobre o problema das receitas ilegíveis

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Erros na interpretação de receitas comprometem a segurança dos pacientes e desafiam farmacêuticos

 

 

A dificuldade em decifrar prescrições médicas tem se tornado um desafio crescente para farmacêuticos e pacientes, colocando em risco a segurança e a eficácia dos tratamentos. O que parece ser um simples descuido pode resultar em erros graves com medicamentos, com consequências que vão desde reações adversas até complicações fatais.

De acordo com relatos de profissionais da área farmacêutica, é comum receberem receitas que mais se assemelham a rabiscos do que a instruções claras. “Muitas vezes, precisamos ligar para o médico ou consultar o paciente para tentar entender o que foi prescrito. Isso gera atrasos e, em alguns casos, dúvidas que podem levar a erros”, explica Ana Lúcia Sochelek, farmacêutica com mais de 15 anos de experiência.

 

Os riscos para os pacientes

Um estudo publicado pelo Institute for Safe Medication Practices (ISMP) revelou que erros com medicamentos causados por prescrições mal escritas são uma das principais causas de eventos adversos em hospitais e clínicas. Entre os problemas mais comuns estão a troca de medicamentos com nomes semelhantes, dosagens incorretas e até a administração de substâncias completamente diferentes do que foi prescrito.

Para pacientes com condições crônicas, como diabetes ou hipertensão, um erro na interpretação da receita pode ter consequências graves. “Já tive casos em que a dose de insulina foi confundida por causa de uma letra mal escrita. O paciente acabou tomando uma quantidade muito maior do que deveria”, relata Ana Lúcia.

 

A tecnologia como solução?

Diante desse cenário, muitos especialistas defendem a adoção de receitas eletrônicas como uma solução eficaz. Em países como os Estados Unidos e alguns da Europa, a prescrição digital já é uma realidade, reduzindo significativamente os erros com medicamentos. No Brasil, embora o uso de receitas eletrônicas esteja crescendo, principalmente durante e após a pandemia de COVID-19, a prática ainda não é universal.

“O sistema de receitas eletrônicas elimina o problema da letra ilegível e ainda permite a integração entre médicos e farmácias, facilitando a verificação de dados e a dispensação correta dos medicamentos”, afirma Gustavo Pires, diretor secretário-geral do Conselho Federal de Farmácia (CFF).

 

 

 

 

 

A Responsabilidade compartilhada

Enquanto a transição para o digital não se completa, farmacêuticos reforçam a necessidade de maior atenção na hora de escrever e interpretar as receitas. “É fundamental que os profissionais de saúde se conscientizem sobre o impacto que uma receita mal escrita pode ter. A comunicação clara é essencial para a segurança do paciente”, destaca Gustavo.

Por outro lado, os pacientes também têm um papel importante nesse processo. É recomendável que, ao receber uma prescrição, o indivíduo peça ao prescritor que leia em voz alta o que foi escrito e confira se os dados estão corretos. Além disso, é sempre bom questionar o farmacêutico sobre o medicamento dispensado, garantindo que ele corresponde ao que foi prescrito.

A questão das receitas ilegíveis é um problema sério que exige atenção imediata de todos os envolvidos no sistema de saúde. Enquanto a tecnologia avança para oferecer soluções mais seguras, a conscientização e a colaboração entre farmacêuticos, médicos e pacientes são essenciais para evitar erros que podem custar vidas. Afinal, na área da saúde, cada detalhe faz diferença.

 

 

 

Fonte: CFF
Foto: Freepik