Mais que Abrigos, ILPIs Podem Ser um Verdadeiro Lar para o Idoso
Existe um grande tabu quando se discute a questão da institucionalização do idoso em Instituições de longa permanência, as ILPI.
A primeira impressão era a de que, se a pessoa foi para a ILPI ou como se chamava antigamente, o asilo, era porque ela estaria no final da vida, ou seja, uma forma da família “se livrar” do ente querido.
Uma ideia muito errada e distorcida, já que a ILPI pode se transformar na nova casa do idoso, tratando-o com dignidade.
Antigamente, estas instituições eram chamadas de asilos e realmente mais se pareciam com depósitos de pessoas que foram abandonadas pelas famílias, pois não tinham nenhum tipo de estrutura compatível com o serviço que prestavam.
Entretanto, as ILPS foram regulamentadas e acompanharam toda a evolução do atendimento e acolhimento, transformando-se em locais seguros e capazes de prover muitos benefícios, alguns dos quais, muitas vezes, nem na própria residência, a pessoa idosa teria.
A ILPI pode prover a alimentação adequada, o entretenimento e lazer, as atividades físicas e lúdicas (teatro, música, cozinha experimental etc.), além do atendimento médico, fisioterápico, psicológico, fonoaudiológico, farmacêutico, dentre outros. Não é a mesma coisa que hospital, aliás é bem diferente.
Quem está numa ILPI não está necessariamente doente, até por isso, existem níveis de atendimento conforme o grau de independência e autonomia da pessoa idosa. Obviamente que um idoso demenciado, em nível 3, já totalmente dependente, com significativa perda cognitiva e alterações de comportamento, irá requerer cuidados mais importantes.
Trabalhei em algumas ILPI privadas e fui consultor de outras e vi situações muito interessantes, como por exemplo, idosos, que espontaneamente ou a pedido da família se encaminharam para a ILPI. Em muitos casos, passavam o dia e voltavam para casa apenas para dormir, como se fosse uma creche, aliás existe este modelo também. Em outras situações, até como forma de combater a solidão, resolveram se mudar em definitivo! Vamos lembrar que a população de idosos no Brasil, que moram sós, é altíssima!
O fardo do cuidado de um idoso demenciado para uma família é muito pesado e pode provocar nestes, consequências, como depressão, ansiedade, dentre outros distúrbios.
Quando a família ou o idoso reconhece que a ILPI pode ser a sua nova casa, há um considerável universo de possibilidades para a melhoria da qualidade de vida.
Se o idoso está em um processo de demência, a ILPI também pode ser importante, afinal de contas quem terá as reais condições de cuidar adequadamente desses idosos? Alimentação, cuidar da higiene pessoal, administrar os medicamentos, entreter e principalmente estar ali ao lado, dando toda a atenção, amor, carinho, para alguém que esteve toda a vida ao nosso lado, é uma tarefa que exige dedicação!
Em demências como Alzheimer, Lewy, vascular etc., esse cuidado é primordial e fará diferença na evolução da doença.
Colocar o idoso, em determinados casos em uma ILPI, não significa terceirizar o carinho e o afeto, pelo contrário, é também uma demonstração de respeito e amor, pois digamos, a parte profissional, a ILPI faz, porém cabe ao familiar (marido, esposa, filhos etc.) não deixar de se fazer presente, visitar e acompanhar o máximo possível essa jornada.
Pessoal, o idoso, independente se está demenciado ou não, percebe o abandono, embora não demonstre, ele sente!
Infelizmente não são poucos os casos em que a família institucionaliza e abandona a pessoa idosa, jogando toda a responsabilidade para a ILPI resolver.
Mas lembremos que, esta decisão deve ser tomada, quando possível, em comum acordo, ou quando se tratar de uma pessoa demenciada, com a família e eventualmente os amigos, decidindo.
A escolha da ILPI deve ser criteriosa, procure visitar antes de decidir, colete informações de pessoas que já usaram este serviço para seus entes, busque informações nas mídias sociais, e obviamente avalie a questão financeira, pois não é um serviço barato, já que no Brasil, infelizmente, o serviço público e gratuito, disponibiliza uma quantidade ridícula de vagas.
E não se esqueça, em qualquer momento de nossas vidas, a dignidade sempre será primordial!
Fonte: Gustavo Alves Andrade dos Santos
Farmacêutico, Doutor em Biotecnologia
Professor na Faculdade de Medicina São Leopoldo MANDIC de Araras
Coordenador do grupo de Cuidado farmacêutico ao Idoso do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo.
Twitter: @gustavofarmacia
Instagram: @gusfarma Email: gusfarma@hotmail.com