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Uso racional de medicamentos: um compromisso com a saúde

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Especialistas da Rede Ebserh explicam como o acompanhamento profissional transforma tratamentos e salva vidas

 

 

Brasília (DF) – Em maio, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) publica uma série de reportagens especiais sobre o Uso Racional de Medicamentos, tema que ganha destaque no dia 5 de maio, data dedicada à conscientização sobre práticas seguras no consumo e prescrição de remédios. A cada edição, especialistas da Rede Ebserh explicam aspectos fundamentais para promover o uso adequado de medicamentos, reforçando o compromisso dos hospitais universitários com a segurança do paciente e a melhoria da assistência em saúde. 

Esta primeira reportagem aborda o conceito do uso racional de medicamentos, sua importância para a eficácia dos tratamentos e a necessidade do acompanhamento profissional durante todo o processo terapêutico. Em uma sociedade marcada pelo fácil acesso a remédios e pela banalização da automedicação, compreender e praticar o uso racional é um passo essencial para a saúde individual e coletiva. 

 

Muito além da prescrição 

O uso racional de medicamentos não se limita a garantir que o paciente siga uma receita. Ele começa na definição de quais medicamentos estarão disponíveis, passa por critérios técnicos, econômicos e sociais, e envolve diretamente quem prescreve, quem orienta e quem administra o tratamento. 

“Falar de uso racional é falar de políticas públicas, de segurança do paciente e de sustentabilidade do sistema de saúde”, afirma Aline Ribeiro, farmacêutica chefe do Setor de Farmácia do Hospitalar do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB/CH-UFPA). “Não se trata apenas de evitar desperdícios, mas de assegurar que cada medicamento seja usado da forma mais eficaz e segura possível, considerando o perfil clínico e social do paciente.” 

No HUJBB, isso se traduz em ações que vão desde a criação e atualização de protocolos clínicos baseados em evidências até a atuação ativa das Comissões de Farmácia e Terapêutica, que avaliam a inclusão de medicamentos com base em critérios científicos e epidemiológicos. “Trabalhamos também com farmacovigilância, com capacitação das equipes e com acompanhamento contínuo das prescrições — tudo isso pensando na segurança do paciente e na qualidade da assistência prestada”, disse. 

Ela reforça ainda o papel estratégico dos hospitais universitários na construção de uma nova cultura. “Somos espaços de cuidado, mas também de formação e pesquisa. Quando aplicamos o uso racional na prática, formamos profissionais mais conscientes, produzimos conhecimento e contribuímos para mudar a relação da sociedade com os medicamentos”. 

 

Do protocolo ao paciente: o cuidado que evita falhas 

No Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), a prática do uso racional de medicamentos é sustentada por uma rotina de acompanhamento clínico e de cooperação entre equipes. A chefe da Unidade de Farmácia Clínica do hospital, Renata Rezende, explica que o papel do farmacêutico vai além da dispensação de medicamentos: ele está inserido no cuidado integral. 

“O farmacêutico clínico atua diretamente na identificação e resolução de problemas relacionados ao uso de medicamentos, garantindo a segurança e eficácia do tratamento medicamentoso”, afirma. Entre os pontos mais críticos, ela destaca a polifarmácia, os extremos etários e as transições de cuidado — momentos em que o paciente muda de ambiente, como da enfermaria para a UTI ou da internação para casa. 

Segundo Renata, estratégias como a elaboração de planos terapêuticos compartilhados e a educação em saúde são fundamentais para evitar falhas. “O paciente orientado e engajado com seu processo de cuidado contribui ativamente para o sucesso do tratamento. Mas, para isso, precisamos garantir diálogo entre os profissionais e uma abordagem verdadeiramente centrada no paciente”. 

 

 

Entre o alívio e o risco: os perigos de decidir sozinho 

A automedicação segue sendo um dos grandes obstáculos ao uso racional de medicamentos. Para a chefe do Setor de Farmácia Hospitalar, Elaine Bidoia, do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS), o problema vai além da escolha errada — ele compromete todo o processo assistencial. “Pode mascarar sintomas, dificultar diagnósticos, gerar reações adversas graves e até provocar dependência química. Já vimos casos de falência hepática, de resistência antimicrobiana e de pacientes que atrasaram o início de tratamentos cruciais porque utilizaram medicamento por conta própria”, relata. 

Um levantamento nacional reforça a gravidade do tema. Segundo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ), 86% dos brasileiros com 16 anos ou mais afirmam praticar algum tipo de automedicação sem orientação profissional. 

Elaine explica que, no Humap, os farmacêuticos atuam de forma ativa na avaliação das prescrições e na construção de protocolos seguros junto às equipes médicas. “Nosso papel não é só técnico, é educativo também. E tudo começa com informação qualificada.” 

Segundo a farmacêutica, os riscos aumentam quando o paciente utiliza vários medicamentos sem orientação e desconhece as possíveis interações entre eles. Esses e outros cuidados, como a conservação adequada e a atenção às reações alérgicas, serão aprofundados na próxima reportagem da série, que vai detalhar práticas simples e essenciais para garantir segurança no uso diário dos medicamentos. 

A trajetória de Sandra Lúcia Duarte Diamantina, 61 anos, paciente do HC-UFMG, é um exemplo poderoso da importância do acompanhamento profissional. Ela tem uma 

condição cardíaca desde a infância que lhe fez passar por múltiplas cirurgias e usa continuamente anticoagulantes como a Varfarina. Após uma série de internações com complicações graves por hemorragias e descontrole da coagulação, ela passou a ser acompanhada de perto pela equipe de Farmácia Clínica do hospital. 

“Esse atendimento é feito tanto de forma presencial quanto por teleatendimento. A equipe de farmacêuticos acompanha os casos, realiza ajustes de dose, desenvolve dispositivos que auxiliam na adesão e orienta o paciente e os familiares”, explica Renata, que também participa do acompanhamento de Sandra. 

Para a paciente, esse cuidado foi decisivo. “Eu já vivi internada. Era CTI atrás de CTI, hemorragia atrás de hemorragia. Mas depois que comecei a ser acompanhada pelas meninas da farmácia, minha vida mudou. Elas iam me ver até no hospital, sabiam quando eu internava. E até hoje fazem questão de me ligar, de ajustar os remédios, de cuidar de mim. Eu sou grata a cada uma delas”, relatou. 

Casos como o de Sandra mostram que o uso racional de medicamentos não é apenas um conceito técnico, mas uma prática que salva vidas — e que seguirá sendo apresentada ao longo desta série especial produzida pela Ebserh. 

 

Rede Ebserh 

Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação. 

 

 

 

Fonte: GOV
Foto: Freepik