86% dos consumidores dizem não saber como farmácias utilizam seus dados; quatro em cada dez afirmam não ter informações suficientes ao comprar medicamentos, revela levantamento da Fundação
A Fundação Procon-SP acaba de concluir uma consulta virtual sobre a percepção dos consumidores na compra de medicamentos, com destaque para dois alertas: a falta de conhecimento sobre preços regulados pela Anvisa e o desconhecimento sobre o uso de dados pessoais coletados por farmácias.
A pesquisa teve como foco entender hábitos, comportamentos e o nível de informação da população sobre a compra de remédios, especialmente em um cenário onde os gastos com saúde comprometem parte significativa da renda — realidade ainda mais sensível entre idosos, que muitas vezes dependem apenas da aposentadoria.
Com 1.378 participantes, o levantamento analisou temas como frequência de compra, canais utilizados (lojas físicas ou plataformas digitais), influência da publicidade, riscos da automedicação e conhecimento sobre o Preço Máximo ao Consumidor (PMC), fixado pela Anvisa com base na tabela da CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos).
Principais destaques da consulta:
- 74,8% dos consumidores não sabiam que a maioria dos medicamentos tem preço máximo regulado;
- Mesmo entre os que conhecem o PMC, 24,8% não sabem como consultar a tabela oficial;
- Apenas 14% dos entrevistados têm pleno conhecimento sobre o uso de seus dados pessoais pelas farmácias;
- 40,5% avaliam que o consumidor não tem informações suficientes para fazer boas escolhas na hora de comprar medicamentos.
Perfil predominante dos respondentes:
- 63,8% são mulheres;
- 39,4% têm entre 36 e 50 anos;
- 64,5% possuem renda de até quatro salários mínimos;
- 46,3% residem na capital paulista.
Informação para um consumo consciente
A consulta feita pelo Procon-SP aponta que as farmácias e drogarias precisam aprimorar a forma de explicar como os dados dos clientes são usados, tratados e guardados, e não apenas dizer que são necessários para a obtenção de descontos: se as informações são compartilhadas com laboratórios, convênios médicos ou redes hospitalares; se há monetização decorrente de eventuais compartilhamentos e outros esclarecimentos determinados pela Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD.
E O Procon-SP reforça que o acesso à informação é um direito básico do consumidor e que a transparência no relacionamento com os clientes é essencial para garantir um consumo seguro, consciente e autônomo, sendo ainda uma estratégia de fidelização.
E ainda que os consumidores podem, e devem pedir tais esclarecimentos sempre que seus dados pessoais forem solicitados.
A consulta feita pelo Procon-SP com os consumidores que acessaram o seu site entre os dias 09/05 a 02/06/25, integra a atuação permanente do órgão oficial de defesa do consumidor do estado de São Paulo em educação para o consumo e elaboração de políticas públicas voltadas à harmonização das relações de consumo. Veja aqui o relatório completo.
Preços de medicamentos
Na próxima terça-feira, 1º de julho, o Procon-SP divulgará uma pesquisa comparativa de preços de 72 medicamentos, feita presencialmente em estabelecimentos da Capital, e 67 medicamentos em consulta em lojas on-line; com diferenças de preços médios de genéricos variando em mais de 13% entre compras online e em lojas físicas; e mais de 2.000% nos valores de um mesmo produto com a mesma dosagem.