Sincofarma SP

Especialista alerta sobre os riscos de guardar medicamentos vencidos

Compartilhe:

Facebook
LinkedIn
WhatsApp

O hábito de formar um estoque de medicamentos vencidos ou em desuso ainda é comum e pode trazer sérios riscos à saúde.

 

Vale a pena guardar em casa aqueles analgésicos que sobraram do último tratamento contra a gripe ou os antibióticos que “podem ser úteis algum dia”? O hábito de formar um estoque de medicamentos vencidos ou em desuso ainda é comum em muitos brasileiros, mas essa prática pode trazer sérios riscos à saúde e ao meio ambiente.

 

O alerta é da pós-doutora em Ciências Biológicas e coordenadora do curso de Farmácia do Centro Universitário Integrado de Campo Mourão (PR), Ana Carla Broetto Biazon. “Com o tempo, os medicamentos perdem a eficácia e podem comprometer o tratamento das doenças. Além disso, mantê-los em casa após o prazo de validade descrito nas embalagens aumenta a chance de acidentes como intoxicações por ingestão, especialmente por crianças, animais de estimação ou pessoas vulneráveis”, explica.

 

Por outro lado, o descarte incorreto – seja no lixo, na pia comum ou no vaso sanitário – contamina a água, o solo, a fauna, a flora e a própria saúde humana com substâncias como hormônios e bactérias que impactam diferentes ecossistemas e promovem a resistência microbiana.

 

“Os dados de validade indicam o prazo em que o fabricante garante que o princípio ativo manterá sua potência, sob condições ideais de armazenamento como temperatura, umidade e luminosidade. Após esse limite, o medicamento pode não só perder a eficácia, mas também se decompor e formar subprodutos tóxicos, aumentando os riscos de reações adversas”, explica Ana Carla.

 

Decreto do Governo Federal estabelece que o destino para os medicamentos vencidos – mesmo aqueles que estão completos ou parcialmente consumidos – são as próprias drogarias e farmácias.

 

 

A coordenadora do curso de Farmácia do Integrado destaca que as abordagens são para materiais perfurocortantes – como agulhas, ampolas e canetas de insulina – que devem ser acondicionados em recipientes rígidos, resistentes à penetração, vazamentos, com tampa bem vedada e devem ser entregues apenas em unidades de saúde autorizadas, como UBSs, que estão preparadas para receber e descartar esses resíduos com segurança.

 

Ana Carla ressalta que a embalagem primária – aquela que está em contato direto com o medicamento – deve ser mantida intacta. “Os comprimidos não devem ser retirados do blister, nem os líquidos removidos de frascos ou ampolas. Isso ajuda a identificar o produto e evita a contaminação. Blisters, potes e frascos usados são considerados resíduos químicos e devem ir junto com os medicamentos para o descarte”, alerta. No entanto, as embalagens secundárias – como caixas de papelão, bulas e rótulos que não possuem contato direto com o medicamento – podem ser recicladas normalmente, junto com outros itens domésticos.

 

CONSUMO RESPONSÁVEL. Uma “farmacinha doméstica” não deve ser um depósito de sobras, mas sim um kit para emergências, com verificação periódica. “Medicamento não é alimento, nem cosmético.

 

É um insumo de saúde que se mau conservado ou descartado de maneira incorreta, vira ameaça”, enfatiza Ana Carla.

 

Adotar hábitos de compra consciente, armazenamento adequado e descarte ambientalmente seguro reduz acidentes, protege a eficácia dos tratamentos e contribui para um planeta mais saudável. Em caso de dúvida, a recomendação é procurar uma orientação de um farmacêutico para explicar a posologia correta, verificar as interações e indicar o ponto de coleta mais próximo.

 

COLOQUE EM PRÁTICA

Para evitar o acúmulo de medicamentos em casa e o incentivo ao uso racional:

 

  • Compra consciente
    Adquira apenas o necessário para o tratamento, seguindo a prescrição médica.
  • Organização
    Usar caixas com divisórias por dia/horário e fazer uma revisão mensal das validades.
  • Armazenamento correto
    Local fresco, seco, longe de calor e luz. Evite cozinha e banheiro, que sofrem variações de temperatura e umidade.
  • Doação solidária
    Medicamentos dentro do prazo, guardados sob condições adequadas, podem ser destinados a farmácias solidárias.
  • Distância de crianças e animais de estimação
    Mantenha os frascos fora do alcance para prevenir ingestões acidentais.

 

Fonte: Liberal
Foto: Reprodução