Ministério da Saúde afirmou que a decisão considera ‘as melhores evidências científicas disponíveis, abrangendo análises de custo-efetividade’ e que o impacto financeiro estimado seria da ordem de R$ 8 bilhões anuais; leia posicionamento.
Sociedades médicas criticaram o parecer contrário da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) à incorporação dos medicamentos à base de semaglutida e liraglutida no SUS — como Wegovy e Saxenda.
A decisão da Conitec desta semana teve como base os preços das medicações. A comissão do Ministério da Saúde apontou que a inclusão dos dois medicamentos causaria impacto orçamentário de R$ 5,9 bilhões a R$ 9,5 bilhões em cinco anos.
Em nota, o Ministério da Saúde também reforçou o alto custo: “As decisões da Conitec sobre a incorporação de medicamentos no SUS consideram as melhores evidências científicas disponíveis, abrangendo eficácia, segurança e análises de custo-efetividade. No caso da liraglutida e da semaglutida, o impacto financeiro estimado é da ordem de R$ 8 bilhões anuais”.
O que os médicos dizem
A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), no entanto, defendem o benefício dos medicamentos para grupos específicos de maior risco — especialmente, mulheres negras periféricas de baixa renda, que segundo as entidades, são as mais afetadas pela obesidade nos últimos anos.
“Nós, profissionais de saúde, vemos os pacientes que pioram a cada dia e assistem à elitização do acesso ao tratamento à obesidade. No Brasil, existem seis medicamentos para tratamento da obesidade aprovados pela Anvisa. No entanto, o acesso aos mesmos é exclusivo apenas para quem consegue pagar. A população que mais precisa continua desassistida”, afirmaram em nota conjunta divulgada neste sábado, 23.
O Ministério da Saúde ainda destacou, na nota, que a Fundação Oswaldo Cruz anunciou acordo com a farmacêutica EMS para produção nacional desses medicamentos. “O governo investe no desenvolvimento da indústria do setor no País, incluindo a promoção de parcerias para a inovação e produção de medicamentos e insumos estratégicos para o SUS.”
Sibutramina também na mira
As entidades médicas ainda reclamam da Conitec não avaliar a incorporação no SUS da sibutramina – medicamento de baixo-custo para o tratamento de obesidade, vendido a cerca de R$ 30 a cartela mensal para um paciente. As sociedades dizem terem apresentado o pedido de inclusão em dezembro de 2024.