Segundo pesquisa publicada na “Nature”, o objetivo é oferecer uma defesa reforçada contra a doença, uma solução de longo prazo.
Recentemente foi realizada uma pesquisa pela revista científica Nature sobre o desenvolvimento de duas vacinas candidatas que visam a envolver o sistema imunológico no combate à causa subjacente da acne.
A acne é uma doença inflamatória da pele causada pela obstrução dos poros por causa do excesso de oleosidade, células mortas e bactérias, o que resulta em cravos, espinhas e, em casos mais graves, cistos e lesões. O estudo dessa doença é relevante, considerando que é muitas vezes associada só como uma questão de pele, ligada à puberdade e à higiene e não como uma doença que afeta milhões.
Como funcionará a vacina
O desenvolvimento das vacinas pode oferecer uma defesa reforçada contra a doença, uma solução de longo prazo. “Vai ser injetado um RNA mensageiro encapsulado, que codifica instrução para o organismo fabricar uma substância da bactéria Cutibacterium acnes, após isso, o organismo começa a fabricar essa substância e depois começa a fabricação de anticorpos. Quando esses anticorpos estão circulantes, teoricamente, eles vão matar a bactéria produtora, que está envolvida na patogênese da acne”, afirma.
A dermatologista, entretanto, acredita que as vacinas entram no contexto do desejo das pessoas por um tratamento acelerado e também têm dúvidas sobre o funcionamento desse novo tratamento.
“O Cutibacterium acnes faz parte da microbiota do organismo, ele é um regulador da resposta imunológica de uma série de doenças. Uma tecnologia como essa, usando RNA mensageiro de substâncias da própria Cutibacterium, pode afetar todas essas bactérias do corpo humano, e isso pode ter repercussões sérias”, declara.
Impactos da doença
As formas mais comuns da acne ocorrem principalmente na adolescência e no começo da vida adulta. Como se dá nesse período de crescimento e desenvolvimento das pessoas, a doença abre caminho para problemas não só físicos, como lesões, mas também impactos psicológicos.
“É o período em que a personalidade da pessoa está em formação. Então a acne pode deixar cicatrizes físicas e na personalidade da pessoa, mas que também não vão ser permanentes”, diz Rivitti.
Tratamentos atuais para acne
Os tratamentos para a acne dependem principalmente da gravidade da doença no indivíduo, podendo usar tratamentos tópicos (para aplicar na pele) e/ou orais. Dentre os remédios orais, os antibióticos, que têm uma ação anti-inflamatória, são do grupo da ciclina, e a isotretinoína. Já entre os tópicos, peróxido de benzoíla, os retinóides, ácido azelaico e niacinamida.
Segundo a dermatologista da USP, “com as medicações que nós temos hoje em dia, existe um excelente controle da acne. O problema é que exige empenho do paciente, ele tem que se engajar no tratamento e a melhora vem ao longo do tempo. Então, embora os tratamentos que nós tenhamos sejam muito eficientes, eles não atendem totalmente ao desejo do paciente por uma solução rápida”.