Frutos e sementes são coletadas e vendidas às indústrias de cosméticos e até exportadas.
Na Amazônia, a união entre a sustentabilidade e a indústria de cosméticos está promovendo uma transformação significativa na vida das comunidades que dependem do extrativismo. Empresas comprometidas com práticas sustentáveis estão apoiando famílias na região, melhorando não só a economia local, mas também a preservação ambiental.
Os pequenos agricultores beneficiados testemunham mudanças profundas na rotina. Antigamente, sem a parceria com as indústrias cosméticas, a produção de açaí tinha outro calendário, com quatro meses de produção intensa seguida de um período praticamente parado, sem outros produtos para serem vendidos e, sem renda. “Ficávamos um bom tempo sem ter o que vender”, conta o agricultor Vanildo Quaresma. Com o comércio com as indústrias de cosméticos, eles viram surgir outras oportunidades, como a venda de miriti, andiroba, ucuba e murumuru, ampliando suas fontes de renda.
Esses produtos coletados na Amazônia possuem propriedades regenerativas e são usados na fabricação de cosméticos sem a adição de produtos químicos, o que preserva suas qualidades naturais. “E isso vai dar pra gente propriedades de nossos cosméticos com uma qualidade que garante a qualidade do bioingrediente”, revela o gerente de suprimentos da Natura, Mauro Costa. Segundo ele, a parceria não só preserva, como também visa restaurar e revitalizar todo o processo ecológico.
Ângela de Brito, outra trabalhadora local, viu seu rendimento aumentar em mais de 60% após começar a trabalhar com a extração de óleos e manteigas das sementes. Ela expressa seu orgulho e gratidão: “Assim conseguimos tirar da preservação da natureza o sustento da nossa família”, conta. “É uma riqueza que a gente tem dentro da nossa propriedade”.
Além da melhoria econômica, a indústria também trouxe progresso social e melhorias nas condições de trabalho, com capacitação e desenvolvimento de habilidades entre os trabalhadores locais. Hélder, que cresceu trabalhando na floresta com seu pai, agora atua na cooperativa e estuda engenharia mecânica para aprimorar os processos produtivos. “Tudo que a gente adiciona às microfábricas, as microindústrias, nas cooperativas, você tem um novo skill que as pessoas começam a trabalhar com uma indústria. É uma pequena indústria, mas você vai ter que ter pessoas com conhecimento elétrico, mecânico”, afirmou Hélder.
Essas mudanças não só mantêm o jovem no campo, como também garantem a continuidade das práticas sustentáveis e o fortalecimento das comunidades locais, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento sustentável na Amazônia.