Sincofarma SP

Tirzepatida irregular chega ao País contrabandeada do Paraguai

Compartilhe:

Facebook
LinkedIn
WhatsApp

Marcas viralizam pelas redes sociais prometendo resultados similares ao Mounjaro, da Eli Lilly.

 

tirzepatida irregular, comercializada no Paraguai, vem chegando ao mercado brasileiro por meio das redes sociais. Em grupos no WhatsApp, potenciais compradores se reúnem para compartilhar resultados de ‘antes e depois’. As informações são do Estadão.

 

E não pense que essas vendas ilegais estão concentradas apenas no aplicativo de mensagens instantâneas. Em redes sociais como Facebook e TikTok, também é possível encontrar tutoriais de como adquirir esses produtos.

 

Tirzepatida irregular chega a ser 5 vezes mais barata

Comercializada com as marcas T.G. (para a versão com 2,5 mg do laboratório Indufar) e Lipoless (15 mg do laboratório Éticos), a tirzepatida irregular é vendida no Paraguai por preços que variam de R$ 294 a R$ 770. A título de comparação, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) tabelou o preço do Mounjaro (tirzepatida da Eli Lilly) em R$ 1.562,66 para sua dosagem mais baixa, valor cinco vezes maior do que o registrado nas versões contrabandeadas.

 

Aqui no Brasil, esses remédios chegam com um preço “um pouco mais salgado”. Importadores consultados pela reportagem comercializam esses produtos por preços que vão de R$ 500 a R$ 1.500, a depender da dosagem.

 

O Estadão tentou contato com as farmacêuticas, mas não obteve resposta.

 

 

Especialistas indicam risco à saúde pública

Segundo Alexandre Hohl, endocrinologista e diretor da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), esses medicamentos são tão arriscados à saúde quanto as versões manipuladas de tirzepatida vendidas aqui no Brasil. “O grau de confiabilidade desses produtos é baixo e constitui risco à saúde pública”, alerta.

 

Outro ponto destacado pelo médico diz respeito ao fracionamento de doses. Participantes dos grupos dão dicas de como fracioná-las, o que Hohl afirma não ser indicado. “Não existe fracionamento. Cada caneta do medicamento deve ser utilizada semanalmente”, afirma.

 

Mesmo nas canetas que permitem a contagem de “cliques”, a prática não é recomendada. “A quantidade de cliques varia conforme a concentração da medicação, o que aumenta a chance de erro”, explica Paula Fábrega, endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês.

 

“É importante avançar em estudos de compatibilidade para garantir a segurança, caso essa comercialização seja liberada futuramente, após a quebra de patente”, completa Paulo Augusto Miranda, coordenador da Comissão Internacional da SBEM.

 

Eli Lilly reafirma exclusividade no país

Por meio de nota, a Eli Lilly reafirmou que é a única fornecedora de tirzepatida aprovada pela Anvisa. A farmacêutica também destacou que não fornece o princípio ativo para farmácias de manipulação ou clínicas e que versões ilegais já apresentaram contaminação por bactérias e altos níveis de impurezas. O laboratório explicou que atua junto às agências regulatórias para derrubar páginas que promovem produtos irregulares nas redes sociais.

 

Anvisa alerta para infração sanitária

Também por meio de nota, a Anvisa afirmou que os medicamentos paraguaios em questão não possuem avaliação de segurança e eficácia, uma vez que não são registrados no Brasil. Sendo assim, sua comercialização configura infração sanitária e contrabando.

 

A agência permite a importação por pessoa física de produtos sujeitos à vigilância sanitária, desde que a quantidade seja compatível com o tratamento por até 90 dias. Para realizar esse processo, é obrigatória a apresentação de prescrição médica que valide a dosagem e a quantidade importada.

 

O processo de análise leva em conta o histórico de compras do paciente, sendo vedada qualquer operação com indícios de comercialização.

 

Agência já alertou sobre anúncios falsos

Na primeira quinzena de outubro, a Anvisa alertou sobre a existência de anúncios falsos envolvendo o Mounjaro. Golpistas ofereciam o medicamento com descontos ou gratuitamente mediante cadastro. Em comunicado no site oficial, a agência reiterou que não comercializa medicamentos nem atua como intermediária em sua distribuição.

 

Fonte: Panorama Farmacêutico
Foto: Reprodução