O uso da Cannabis medicinal segue em expansão no Brasil e já alcança uma dimensão inédita.
Segundo o Anuário da Cannabis Medicinal 2025 , produzido pela Kaya Mind, 873.111 brasileiros utilizaram produtos à base de Cannabis em 2025 , um aumento de 30% em relação ao ano anterior, consolidando o tratamento como alternativa terapêutica relevante no país.
Os números reforçam o avanço contínuo do setor, mesmo diante de desafios regulatórios e barreiras de acesso. O mercado nacional também se aproxima da marca histórica de R$ 1 bilhão em 2025, diminuindo estabilização e amadurecimento do segmento.
Diversidade de produtos
De acordo com o relatório, um dos principais motores desse crescimento é a via de importação. Regulamentada pela RDC 660/22 da Anvisa, ela continua sendo uma forma predominante de acesso. O levantamento aponta que 2025 deve ser o ano com maior número de pedidos desde o início das autorizações , com previsão de cerca de 200 mil transações , impulsionadas pela diversidade de produtos e pela prescrição à distância. Em média, o ano registrou mais de 500 pedidos diários , crescimento de 18% em relação a 2024.
O cenário revela um paradoxo brasileiro: embora o país tenha uma das maiores infraestruturas de saúde do mundo, com mais de 635 mil médicos e 90 mil farmácias, menos de 1% dos profissionais habilitados com prescrição regular de cannabis. Ainda assim, cresce a demanda e o impulso por avanços regulatórios, como a revisão da RDC 327/19 e a discussão sobre cultivo nacional.
Importações batem recorde e siga como principal via de acesso
A importação regulamentada pela RDC 660/22 permanece como a principal forma de acesso no país, impulsionando o crescimento do mercado. Em 2025, a previsão é de cerca de 200 mil pedidos de importação , o maior volume desde o início das autorizações, com média superior a 500 transferências diárias , aumento de 18% em relação a 2024.
A demanda crescente reforça a busca de pacientes por produtos não disponíveis no Brasil e pela variedade terapêutica, ao mesmo tempo em que o setor aguarda possíveis restrições da Anvisa.

Expansão do acesso e capilaridade nacional
Os dados também mostram que o tratamento com cannabis medicinal está mais presente no território brasileiro. Desde 2019, mais de 4.730 municípios foram realizados , e em 2025, 59% das cidades registraram ao menos uma dispensação , com forte impacto da prescrição online, que ampliou o acesso a regiões onde não há especialistas. Esse movimento indica que a cannabis medicinal ultrapassou centros urbanos e começa a integrar rotinas de cuidado em cidades menores e periféricas.
Avanços e indefinições regulatórias
O relatório destaca um cenário de avanços regulatórios importantes, como a revisão da RDC 327/19 , que pode ampliar formas farmacêuticas, permitir a manipulação de CBD e facilitar prescrições. Além disso, o STJ autorizou o cultivo medicinal de cânhamo , criando expectativa para produção nacional regulamentada. Porém, o setor ainda convive com incertezas, vetos estaduais e falta de definição sobre cultivo.
O autocultivo autorizado por habeas corpus já beneficiou cerca de 7.000 pacientes , com 978 pedidos analisados pelo STJ desde 2013 , refletindo uma alternativa de acesso diante de custos elevados e falta de oferta nacional. Paralelamente, o número de associações continua crescendo: 315 CNPJs ativos atuando com cannabis medicinal no Brasil, um aumento de 22% em relação ao ano anterior, com maior concentração no Sudeste e Nordeste.
O avanço das pesquisas científicas no país
O anuário registra também o fortalecimento da pesquisa científica. Desde 2015, 111 autorizações de pesquisa com cannabis foram concedidas pela Anvisa , incluindo projetos acadêmicos, desenvolvimento tecnológico e ensaios clínicos. A ampliação de cursos e capacitações aponta para um processo de profissionalização crescente e maior embasamento científico na prática clínica.
40 a 49 anos é a faixa etária dos pacientes de Cannabis medicinal
A distribuição dos pacientes que utilizam produtos importados de cannabis no Brasil revela um perfil majoritariamente adulto e economicamente ativo. No primeiro semestre de 2025, a faixa entre 40 e 59 anos concentra a maior parte dos usuários , seguida pelo grupo de 29 a 40 anos, destacando que o tratamento está mais associado a condições crônicas e demandas terapêuticas típicas da vida adulta.
A única exceção é a região Norte , onde há maior presença de pacientes com até 14 anos, um dado que aponta para particularidades locais, como padrões de restrição e acesso diferenciados.





