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Remédio contra obesidade pode melhorar níveis de testosterona, diz estudo

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Um trabalho científico publicado em julho na revista Reproductive Biology and Endocrinology trouxe um dado que vem repercutindo entre endocrinologistas: a tirzepatida, medicamento já conhecido pelo uso no controle do diabetes tipo 2 e da obesidade, mostrou potencial para restaurar níveis de testosterona em homens com obesidade e hipogonadismo funcional — sem recorrer, ao menos inicialmente, à reposição hormonal direta. A tirzepatida é o princípio ativo do remédio vendido com o nome comercial Mounjaro.

 

A descoberta reforça algo que a medicina já observa há anos: o excesso de gordura corporal, sobretudo a visceral, interfere profundamente na produção hormonal masculina. Inflamação crônica, resistência à insulina e aumento da conversão de testosterona em estradiol formam um cenário que “silencia” o eixo hormonal. Ao atacar o problema metabólico na origem, a tirzepatida parece ajudar o organismo a religar seus próprios mecanismos naturais de produção de testosterona.

 

Essa abordagem muda o foco do tratamento. Em vez de apenas repor o hormônio que está baixo, passa-se a olhar para o porquê ele caiu — e como o corpo pode voltar a produzi-lo sozinho.

 

O que o estudo observou na prática

A pesquisa acompanhou 83 homens com obesidade e diagnóstico de hipogonadismo metabólico, condição caracterizada pela queda da testosterona associada ao excesso de gordura e à inflamação, e não a um defeito primário dos testículos.

 

Os participantes foram divididos em três grupos: um recebeu tirzepatida; outro seguiu apenas intervenções de estilo de vida, como dieta e atividade física; e o terceiro realizou reposição tradicional de testosterona em gel;

 

 

Em apenas dois meses, os resultados do grupo tratado com tirzepatida chamaram atenção. Houve aumento significativo da testosterona total, livre e biodisponível, além da elevação de LH e FSH — hormônios essenciais para estimular a produção natural de testosterona pelos testículos;


Paralelamente, observou-se queda nos níveis de estradiol, comum em homens com obesidade, e uma redução média de cerca de 8% do peso corporal e da circunferência abdominal;


Outro ponto relevante foi a melhora na composição corporal: mais massa magra, menos gordura. O conjunto de dados sugere que o medicamento não apenas favoreceu o emagrecimento, mas também impactou positivamente o funcionamento do eixo hormonal masculino, algo ainda pouco explorado em estudos clínicos.

 

Impactos, limites e o que vem pela frente

A relação entre obesidade e testosterona baixa não é novidade. Homens entre 45 e 64 anos com acúmulo de gordura abdominal podem apresentar níveis hormonais semelhantes aos de pessoas muito mais idosas. Quando a testosterona cai abaixo de 300 ng/dL, surgem sintomas como fadiga intensa, redução da libido, perda de massa muscular, prejuízos cognitivos e maior risco cardiovascular. Estudos associam essa deficiência a aumento da mortalidade por diversas causas.

 

O que torna o estudo relevante é a possibilidade de reversão do chamado hipogonadismo funcional. Diferentemente do hipogonadismo primário, causado por falhas nos testículos, essa forma é considerada potencialmente reversível. Ao reduzir gordura e inflamação, a tirzepatida parece permitir que o organismo volte a produzir testosterona de forma mais eficiente.

 

Fonte: Viva Bem Uol
Foto: Reprodução