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Decisão do STJ destrava corrida bilionária entre Hypera, EMS e Cimed por Ozempic genérico

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Superior Tribunal de Justiça decidiu manter fim da exclusividade em março de 2026 e acelera disputa por mercado de até R$ 10 bilhões.

 

Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu nesta terça-feira (15) impedir a prorrogação da patente do Ozempic e do Rybelsus, decisão que acelera a disputa por um dos mercados mais cobiçados da indústria farmacêutica brasileira. Embora ainda caiba recurso, a avaliação no setor é de que as chances de reversão são reduzidas.

 

Com o fim da exclusividade previsto para março de 2026, laboratórios nacionais já se posicionam para disputar um setor estimado em até R$ 10 bilhões por ano, impulsionado pela explosão dos medicamentos à base de GLP-1 usados no tratamento de diabetes e obesidade. O fim da patente foi classificado como “a maior oportunidade do mercado farmacêutico brasileiro em uma década” pelo CEO da HyperaBreno Oliveira, em teleconferência com analistas no mês passado.

 

Por unanimidade, a 4ª Turma do STJ rejeitou o pedido da dinamarquesa Novo Nordisk para estender a vigência da patente até 2038, mantendo o entendimento do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). A farmacêutica alegava atraso “irrazoável” do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) na análise do registro, tese que não prosperou.

 

O processo chegou ao STJ em abril de 2025 e foi julgado pela ministra Maria Isabel Gallotti, após intensa movimentação das partes nas semanas que antecederam a sessão. Além da Novo Nordisk e do INPI, o caso atraiu uma série de partes interessadas e entidades do setor farmacêutico.

 

A EMS, maior fabricante de medicamentos genéricos do país, figurou formalmente como interessada no processo, enquanto associações da indústria atuaram como amicus curiae, que não integram a disputa, mas ajudam o tribunal a avaliar os efeitos econômicos e regulatórios da decisão.

 

 

Precedente do STF

No voto vencedor, a relatora se apoiou no precedente do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2021, que vedou a ampliação do prazo de patentes além dos 20 anos contados a partir do depósito do pedido. O entendimento reforça que não há base legal no Brasil para estender patentes farmacêuticas em razão de atrasos administrativos, ainda que atribuídos ao INPI.

 

Esta foi a segunda derrota recente da Novo Nordisk no Judiciário brasileiro. Em setembro, o próprio TRF-1 já havia decidido contra a farmacêutica em disputa envolvendo o Victoza/Saxenda, medicamento à base de liraglutida, reforçando a linha de entendimento contrária à prorrogação de exclusividades no setor.

 

Com o desfecho no STJ, ganha força a corrida empresarial pela semaglutida. Empresas como Hypera, EMS, CimedEurofarma e Prati-Donaduzzi já anunciaram planos para lançar versões do medicamento a partir de 2026.

 

A EMS, que investiu mais de R$ 1 bilhão em uma fábrica de peptídeos em São Paulo, aposta na produção local das chamadas “canetas emagrecedoras” assim que o monopólio da Novo Nordisk chegar ao fim.

 

Fonte: Invest News
Foto: Reprodução