Os medicamentos são vendidos na internet, segundo a polícia. O Fantástico deste domingo (17) mostrou flagrantes desses ataques.
Ladrões invadem farmácias de São Paulo para roubar um tipo específico de medicamento: as canetas para tratar obesidade.
Em São Paulo, as farmácias vivem uma onda de assaltos. São quadrilhas especializadas em roubar remédios caros, especialmente aquelas canetas usadas por quem quer emagrecer.
Os medicamentos são vendidos na internet, segundo a polícia, que prendeu ontem um receptador cheio de mercadoria roubada. O Fantástico deste domingo (17) mostrou flagrantes desses ataques.
‘Eles se baseiam na velocidade’, diz delegado
Em um dos casos registrados, já passava das 21h, quando dois homens com capuz entraram em uma farmácia. Além do dinheiro e celulares de quem estava fazendo compras, os assaltantes visavam o conteúdo que tinha dentro de uma geladeira, onde estavam armazenados os medicamentos.
Uma funcionária da farmácia entregou diversas caixas de remédios para o bandido, que abriu o refrigerador e recolheu mais medicamentos.
Pedro Ivo Correa dos Santos, delegado de polícia da DEIC, observa que esses criminosos agem com extrema agilidade e possuem um conhecimento detalhado sobre o funcionamento interno desses estabelecimentos.
“Eles se baseiam na velocidade. Ficam 1, 2, 3 minutos no máximo dentro de uma farmácia. Eles têm conhecimento de como funciona uma farmácia por dentro, e eles já buscam especificamente esse medicamento”, afirma o delegado.
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Ondas de assaltos e a busca por medicamentos específicos
Além da farmácia no Centro de São Paulo, assaltada mês passado, farmácias na Zona Leste da cidade foram invadidas por bandidos em dezembro do ano passado e na Zona Norte em novembro. E pelo menos 8 roubos foram registrados na Zona Sul, entre dezembro passado e janeiro desse ano.
Somente uma farmácia foi assaltada duas vezes em um único mês pela mesma dupla, segundo as investigações.
O que chamou a atenção dos policiais que é do final do ano passado para cá, os roubos não se limitavam apenas a buscar valores. Os criminosos também buscavam principalmente remédios de emagrecimento e psiquiátricos, especialmente os remédios para transtorno de déficit de atenção, que custam em média R$ 500.
As canetinhas contra obesidade são mais caras, podem chegar a R$ 1 mil, mas os bandidos passam pra frente por um valor bem menor.
“Eles têm buscado os remédios da moda para emagrecimento, e aí entram as tais canetas emagrecedoras e entram também os remédios de uso psiquiátrico”, ressalta Pedro Ivo Correa dos Santos, delegado de polícia/DEIC.
Vendas na internet por valores mais baixos e perda de eficácia
O delegado alerta que apesar de serem comercializados por valores mais baixos na internet, esses produtos podem perder eficácia se não forem armazenados adequadamente.
“Eles saem anunciando e vendendo de uma forma sem controle nenhum e sem cuidado nenhum. Um dos criminosos que foi preso semana passada tinha dezenas desses remédios numa sacola, guardada fora de refrigeração. Com certeza esse remédio perdeu algum tipo de eficácia”.
Renata Pereira, presidente do Sindicato dos Farmacêuticos de São Paulo, destaca a falta de medidas preventivas e de suporte para os trabalhadores após esses incidentes violentos.
“Não existe nada na questão da prevenção e nem depois do ocorrido. Os trabalhadores se sentem totalmente ali desamparados pela empresa, porque o ato é muito violento. Tem que dar um suporte psicológico para esse funcionário.”