Uma pesquisa da Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG) propôs uma utilização inovadora de duas substâncias no tratamento contra a Covid. A descoberta é parte de um projeto de doutorado e já foi patenteada junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). As informações são do jornal Estado de Minas.
A inovação da acadêmica Graziella dos Reis Rosa Franco se alinha a uma tendência global de reavaliação dos usos de substâncias já conhecidas pela comunidade científica, mas aconteceu por acaso.
“Esta pesquisa foi iniciada como uma ideia de reinvestigar substâncias já existentes em nossa quimioteca. As moléculas da pesquisa eram para outra finalidade e acabaram resultando nessa descoberta”, explica Cláudio Viegas Júnior, professor e pesquisador do Instituto de Química da universidade.
Substâncias do tratamento contra a Covid são similares ao cannabidiol
Selecionadas a partir de uma base de 120 moléculas presentes no laboratório da universidade, as substâncias patenteadas pela cientista contêm algumas similaridades: ambas possuem uma estrutura química similar ao cannabidiol e se mostraram capazes de inibir o receptor responsável pela entrada da Covid no organismo. Além disso, impediram a multiplicação da carga viral.
Em paralelo, estudos antivirais foram conduzidos em colaboração com a professora Jordana Alves Coelho dos Reis, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com o pesquisador Laurent Emmanuel Dardenne, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e líder do Grupo de Modelagem Molecular de Sistemas Biológicos.
“Na UFMG, o grupo da professora Jordana conduziu uma série de estudos diariamente como o vírus SARS-CoV-2, identificando que tínhamos de fato substâncias muito potentes capazes de impedir a infecção viral, além de bloquear sua replicação”, afirma Viegas.
Próximos passos
O anúncio da descoberta é o resultado de um trabalho que já tem mais de quatro anos e está longe de ser encerrado. Com o registro da patente, que garante exclusividade no desenvolvimento, a equipe liderada por Graziella espera, agora, a entrada da indústria farmacêutica no processo.
“Nossa expectativa é que a inovação e a potencialidade da descoberta, aliadas à segurança jurídica da patente, possam atrair interesse do setor farmacêutico industrial para custear as etapas adicionais da fase pré-clínica”, ressalta a pesquisadora.
O investimento das farmacêuticas é essencial para que as pesquisas avancem e essas substâncias possam ser utilizadas na produção de novos fármacos contra a Covid-19.