Grupo de Doenças Tropicais e Negligenciadas do Conselho Federal de Farmácia emitiu nota técnica sobre o tema
A Mpox é uma zoonose (doenças ou infecções naturalmente transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos), transmitida por um vírus da mesma família da varíola humana que, historicamente, é endêmica na África Central e Ocidental. A doença foi identificada pela primeira vez em humanos na República Democrática do Congo em 1970.
Registros fora do continente Africano eram raros até 2022, quando a Mpox surgiu como uma preocupação global significativa, especialmente, com os surtos em 2022 e novamente em 2024. Agora, em agosto, foi classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). O papel do farmacêutico é fundamental no manejo clínico-terapêutico de várias doenças, incluindo a Mpox. Ao longo desse período, a Mpox evoluiu, revelando novos padrões epidemiológicos e formas de transmissão diferentes das observadas anteriormente.
O vírus causador da Mpox, o MPX, se divide em clados (grupos de organismos semelhantes descendentes de um antepassado comum). São dois clados principais (clado I e clado II) e suas subdivisões, que podem apresentar dinâmicas de transmissão, taxas de mortalidade e implicações distintas para a saúde pública.
O surto global de 2022, associado principalmente ao clado IIb, mostrou diferenças significativas na epidemiologia e nos desfechos clínicos em comparação com o clado endêmico I. A nova variante, clado Ib, identificada na República Democrática do Congo em 2024, apresenta uma taxa de letalidade de 10% e maior agressividade em comparação com o clado IIb. É importante mencionar que até a presente data, nenhum caso associado ao clado Ib foi diagnosticado no Brasil.
Diante da evolução da Mpox, a vigilância contínua é essencial para prevenir a disseminação da doença. Os farmacêuticos, como integrantes das equipes de saúde, desempenham um papel vital para as estratégias de vigilância em saúde, principalmente, identificando e notificando os casos suspeitos de Mpox. Os farmacêuticos devem permanecer atentos aos sinais e sintomas da doença, como febre, dor de cabeça, dor muscular e linfadenopatia, seguidos por erupções cutâneas que evoluem para pápulas, vesículas, pústulas e crostas.
Além disso, o farmacêutico contribui para o acompanhamento farmacoterapêutico, educação em saúde, orientação sobre a vacinação e outras medidas profiláticas. Embora a doença, geralmente, tenha uma menor taxa de letalidade em comparação com a varíola, a gravidade dos sinais e sintomas pode variar. Neste sentido, o farmacêutico também desempenha um papel central no manejo clínico, adaptando as estratégias de tratamento, de acordo com as necessidades individuais dos pacientes.
Diante da ameaça contínua representada pela Mpox à saúde pública global, especialmente, devido a sua capacidade de disseminação e apresentação das novas formas de transmissão, o CFF reforça a importância do farmacêutico no combate à doença. São essenciais para essa missão, ações como vigilância permanente, mobilização em saúde e comunicação, integração a equipes multiprofissionais e promoção de pesquisas científicas.