Resolução que permite a prescrição de medicamentos isentos de prescrição (MIPs) por farmacêuticos.
Trata-se de uma postura corporativista, prejudicial a saúde pública, a população e o trabalho integrado entre profissionais da saúde.
E agora um novo capítulo surge, deputados federais médicos apoiando o PL 1774/19, que propõe a venda de MIPs em supermercados, com a justificativa de aumentar a concorrência, reduzir os preços e facilitar o acesso dos consumidores, especialmente em casos de doenças autolimitantes. E ainda sugerem a presença remota de profissionais farmacêuticos nesses estabelecimentos, o que levanta preocupações sobre interesses obscuros para favorecer as redes de supermercados e a indústria farmacêutica, em detrimento da segurança da população.
É alarmante observar médicos apoiando uma medida que pode fomentar o uso irracional de medicamentos, ignorando os riscos associados, mesmo para medicamentos isentos de prescrição, que não são isentos de efeitos adversos. Um absurdo levando em consideração que o Brasil tem 4 vezes mais farmácias do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Provalfar é contra a medida, destacando os graves riscos que ela representa para a saúde pública. A venda de MIPs em supermercados não traz benefícios para a população e pode gerar consequências desastrosas. A experiência brasileira da década de 90, quando medicamentos foram permitidos fora das farmácias, houve um aumento significativo nos casos de intoxicação por medicamentos.
Dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), da Fiocruz, mostram que, entre 1993 e 1995, os casos de intoxicação por medicamentos aumentaram 23%. Após o retorno das vendas exclusivas em farmácias na década de 2000, esse crescimento desacelerou, com um aumento de apenas 13% entre 2003 e 2005 e, mais tarde, uma queda de 14% entre 2007 e 2009. Esses números comprovam que a segurança no uso de medicamentos está diretamente ligada ao controle rígido de sua comercialização.