Reajuste de medicamentos fica abaixo das expectativas do setor, impactando os descontos nas farmácias
Desde o início deste mês, os consumidores têm notado uma redução nos descontos oferecidos nas farmácias, como reflexo do reajuste nos preços dos medicamentos. A decisão da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) de aplicar um aumento médio de apenas 3,8% nos preços dos fármacos — o menor valor desde 2018 — provocou mudanças nas estratégias de preços das redes de farmácias.
Segundo a nova resolução da CMED, o reajuste máximo permitido foi de 5,06%, o que gerou uma diminuição nos descontos. A análise do impacto desse reajuste foi realizada por especialistas da XP Investimentos, que observaram também as diferenças nos preços praticados pelas principais redes farmacêuticas.
Farmácias com Preços mais Acessíveis e Menores Descontos
Dentre as redes analisadas, a Pague Menos foi a que apresentou os preços mais acessíveis, com valores cerca de 8% abaixo do teto regulatório estabelecido. Em contrapartida, a RD Saúde e o Grupo DPSP (responsável pelas bandeiras Pacheco e São Paulo) ajustaram seus preços de forma mais próxima ao limite, mantendo-se apenas 3% abaixo do teto permitido.
Embora os preços estejam mais próximos do limite, a marca que controla as redes Pacheco e São Paulo lidera o ranking de descontos, com uma média de 35%, o que pode ser um atrativo para os consumidores.
Críticas ao Reajuste Modesto e Seus Impactos no Setor
A decisão da CMED de aplicar um reajuste abaixo das expectativas gerou controvérsias no setor farmacêutico. Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindusfarma, foi um dos críticos dessa abordagem. Segundo ele, o reajuste pode ter impactos negativos nos investimentos essenciais da indústria farmacêutica, como em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e na modernização das fábricas.
“Esse reajuste abaixo do esperado pode comprometer os investimentos contínuos e fundamentais da indústria, que são cruciais para a inovação e o avanço tecnológico no setor”, afirmou Mussolini.
Apesar das críticas, o anúncio do reajuste não foi uma surpresa total para o setor. O Sindusfarma havia divulgado, semanas antes da oficialização da medida, uma estimativa de aumento próxima ao valor final.
