Itens fora da validade tinham embalagens adulteradas para constarem como dentro do prazo. Produtos eram vendidos pelas redes sociais e tinham igreja como remetente.
A Polícia Civil de Santa Catarina revelou que partiam do endereço de uma igreja em Goiás as encomendas de medicamentos vencidos e adulterados comercializados por criminosos alvo de uma operação nesta segunda-feira (26). O grupo é investigado por reaproveitar os itens fora da validade e modificar as embalagens para conferir licitude às vendas, que eram feitas pelas redes sociais a preços abaixo do comum.
A operação prendeu o responsável pelo envio das substâncias em Catalão (GO) e o suspeito de adulterar as substâncias em Jaraguá do Sul (SC). Outros cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos dois estados. Os nomes deles não foram revelados
O delegado Jeferson Costa diz que a relação do suspeito preso em Goiás e a igreja será apurada. Uma das ordens teve como alvo uma gráfica de Barra Velha, no Litoral catarinense, suspeita de participar do esquema produzindo etiquetas adulteradas.
Conforme Costa, o dono do local não foi preso, mas será investigado. “Não teve prisão lá na gráfica. Mas isso não significa que o responsável não vai ser responsabilizado. Certamente ele vai ser responsabilizado como o autor do crime de adulteração e falsificação do medicamento”, informou.
Para tentar desarticular o grupo e restituir as vítimas, veículos de luxo e imóveis adquiridos com o lucro ilícito foram apreendidos e indisponibilizados.
A operação foi motivada após uma cliente catarinense parar na UTI após aplicar um falso medicamento para emagrecer, acreditando ser Ozempic, comprado pelo vendedor de Santa Catarina. O item, na verdade, era insulina (confira mais detalhes abaixo).
Como funcionava o esquema
- Homem preso em Catalão (GO) desviava medicamentos vencidos. A suspeita é de que remédios eram de uma farmácia que deveriam ser destruídos;
- Produtos eram enviados para Santa Catarina com remetente sendo de uma igreja de Goiás;
- Ao chegar em Jaraguá do Sul, etiquetas eram trocadas por informações falsas;
- Gráfica de Barra Velha participava do esquema na produção de caixas idênticas às originais dos medicamentos falsificados;
- Comercialização das substâncias era feita por redes sociais;
- Produtos eram vendidos abaixo do valor comercial.
Vítima em SC
A investigação começou há cerca de quatro meses, após a Polícia Civil ser informada sobre uma moradora de Santa Catarina que comprou um produto adulterado pela internet e foi hospitalizada. Ela achava que havia aplicado Ozempic, mas a substância, na verdade, era insulina.
Com o passar das investigações, a Polícia descobriu que os suspeitos comercializavam anabolizantes, remédios abortivos e outros medicamentos não legalizados.
Além da falsificação, adulteração e comercializar anabolizantes, os investigados poderão responder ainda por tentativa de homicídio com dolo eventual.